Corpos de vítimas da operação no Rio deixam o IML sob denúncias de execuções

Famílias das vítimas da Operação Contenção, no Rio de Janeiro, encerram a identificação dos corpos e denunciam possíveis execuções extrajudiciais.

Fonte: CenárioMT

Corpos de vítimas da operação no Rio deixam o IML sob denúncias de execuções
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Os últimos corpos das vítimas da Operação Contenção, realizada pelo governo do Rio de Janeiro nos complexos da Penha e do Alemão, começaram a deixar o Instituto Médico Legal (IML) no centro da capital fluminense. Segundo a Polícia Civil, até o dia 31, restavam apenas oito corpos a serem identificados.

Entre dor e revolta, familiares das vítimas relataram alívio por finalmente encerrar as buscas, mas denunciaram supostas execuções durante a ação. Karine Beatriz, de 26 anos, grávida de poucos meses, reconheceu o corpo do marido, Wagner Nunes Santana, encontrado em um lago na Serra da Misericórdia, após três dias de procura.

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“Após três dias de buscas consegui localizar o corpo, mas alívio eu só vou ter com respostas. De onde vem essa pena de morte? Até quando vai isso?”, questionou Karine, criticando a alta letalidade das operações policiais no estado.

A jovem afirmou que, independentemente dos erros do marido, ele era um homem trabalhador e dedicado à família. “Ele ajudava nas obras da comunidade, cuidava da minha filha de 9 anos. São lembranças que não voltam mais”, lamentou.

Segundo Karine, o corpo de Wagner foi encontrado com um tiro na testa, e a polícia ainda não esclareceu as circunstâncias do crime. Ela também denunciou que pessoas teriam sido mortas mesmo após se renderem.

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“Eles não vieram prender, vieram para matar. Até quem se entregou foi executado”, afirmou.

O balanço oficial da Operação Contenção, divulgado na sexta-feira, aponta que 99 pessoas foram identificadas, das quais 42 tinham mandados de prisão e 78 possuíam envolvimento com o crime. Dentre os mortos, 13 eram de outros estados, como Pará, Bahia, Amazonas, Ceará, Paraíba e Espírito Santo.

O governo do Estado justificou a operação como parte do esforço para conter a expansão do Comando Vermelho. Segundo a Secretaria de Segurança, o grupo criminoso utilizava as áreas como centros de treinamento e distribuição de drogas e armas. As investigações apontam que o fluxo de caixa da facção movimentava cerca de 10 toneladas de entorpecentes por mês.

Apesar das críticas e do alto número de mortes, o governador Cláudio Castro defendeu a operação.

“Os resultados mostram que o trabalho de inteligência foi eficaz. Todos os alvos eram perigosos e com extensa ficha criminal. Vamos entregar relatórios completos às autoridades competentes”, afirmou em nota.

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.