Em uma videoconferência amistosa de 30 minutos realizada nesta segunda-feira (6 de outubro), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente americano Donald Trump concordaram em se encontrar pessoalmente em breve. Contudo, o tema central do pedido brasileiro — a retirada de tarifas e sanções contra autoridades — foi direcionado às equipes técnicas.
O contato ocorreu a pedido do lado americano e foi descrito pelo Palácio do Planalto como uma oportunidade para a “restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente.”
Pedidos de Lula e a resposta cautelosa de Trump
Durante a chamada, Lula foi direto ao pedir a Trump a revogação da tarifa de 40% imposta a produtos brasileiros e o fim das medidas restritivas, incluindo a cassação de vistos e sanções financeiras contra autoridades brasileiras. Entre os alvos dessas sanções está o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que foi sancionado pela Lei Global Magnitsky.
A BBC News Brasil apurou que Trump não respondeu diretamente aos pedidos. Em vez disso, o presidente americano indicou que o tema seria conduzido pelas equipes técnicas dos dois países.
Apesar da falta de resposta imediata sobre as sanções, a conversa avançou em termos de diplomacia futura:
- Acordo para Reunião: Lula sugeriu um encontro presencial e Trump concordou. O presidente brasileiro chegou a aventar a possibilidade de se reunirem na Cúpula da Asean, na Malásia, reiterou o convite para Trump participar da COP30 em Belém (PA), e se dispôs a viajar aos EUA.
- Encaminhamento Técnico: Trump designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com os representantes brasileiros: o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em sua rede social, Truth Social, Trump confirmou o tom positivo: “Tivemos uma ótima conversa telefônica. Discutimos muitos assuntos, mas o foco principal foi a economia e o comércio entre nossos dois países. Teremos novas discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.”

“Nesta manhã, eu fiz uma chamada telefônica muito boa com o presidente Lula, do Brasil. Nós discutimos muitas coisas, mas a conversa focou principalmente na economia e no comércio entre os dois países”, declarou o norte-americano. “Nós teremos novas discussões e nos reuniremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Eu gostei da ligação telefônica — nossos países irão muito bem juntos!”.
Café e “Química Excelente”
A conversa manteve um “tom amistoso”. Trump chegou a admitir que os Estados Unidos estão “sentindo falta” de alguns produtos brasileiros afetados pela tarifa de 40%, citando especificamente o café.
O encontro reforça a “química excelente” que Trump havia comentado após o encontro pessoal com Lula durante a Assembleia da ONU, em Nova York. Na videoconferência, Trump brincou que, apesar de ter tido problemas com a escada rolante e o teleprompter na ONU, a interação com Lula foi o ponto alto: “Pelo menos a ONU serviu para alguma coisa”, disse, segundo relatos.
O lado brasileiro, que contou com a participação de ministros-chave como Alckmin, Vieira e Haddad, ressaltou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os EUA mantêm superávit na balança de bens e serviços.
Após o encontro, Lula se reuniu com o chefe da Secom para elaborar uma nota oficial na qual o governo brasileiro pretende expor sua visão acerca da conversa entre o petista e Trump.