O Brasil assumiu oficialmente a presidência do Mercosul para o segundo semestre de 2025, durante a 66ª Cúpula do bloco, realizada em Buenos Aires. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o cargo do presidente argentino, Javier Milei, e apresentou um plano com cinco prioridades estratégicas: ampliação comercial, transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades sociais.
Durante o evento, Lula reforçou a importância do Mercosul como espaço de proteção regional frente a um cenário global instável. Segundo ele, o bloco é uma estrutura sólida com regras claras, capaz de fortalecer os países membros diante de ameaças externas.
Entre as iniciativas propostas, estão o fortalecimento da Tarifa Externa Comum (TEC), a incorporação dos setores automotivo e açucareiro às normas do bloco e o avanço na modernização do sistema de pagamentos em moedas locais, com foco em transações digitais.
O acordo com a União Europeia é tratado como prioridade. Apesar das negociações estarem avançadas, ainda há resistência, especialmente por parte da França. Paralelamente, o Mercosul concluiu acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) e estuda novos entendimentos com Canadá, Emirados Árabes, Panamá, República Dominicana, Colômbia e Equador.
Lula também defende a ampliação das relações com o mercado asiático, destacando projetos como as Rotas da Integração Sul-Americana e a Rota Bioceânica. O relançamento do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) também está no radar, visando financiar obras de infraestrutura regional.
Na pauta ambiental, o presidente destacou os efeitos das mudanças climáticas e apresentou o programa Mercosul Verde, que busca promover a agricultura sustentável e o uso responsável de minerais estratégicos como lítio, grafita e cobre. O Brasil pretende liderar acordos com apoio da Organização Latino-Americana de Energia (Olade).
O avanço tecnológico é outro eixo prioritário. Lula defende a soberania digital e a criação de inteligência artificial com identidade regional. Em parceria com o Chile, o Brasil já iniciou esse movimento e propõe sua expansão dentro do bloco.
Sobre segurança, o Brasil apoiará a proposta argentina de criar uma agência de combate ao crime organizado transnacional. A ação inclui investimentos em inteligência e fortalecimento de plataformas como o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia.
Por fim, a presidência brasileira se comprometeu com a promoção dos direitos sociais e humanos, destacando o fortalecimento do Instituto Social do Mercosul (ISM), a retomada da Cúpula Social e a realização de uma nova Cúpula Sindical. Lula afirmou que o progresso sustentável só será possível com inclusão e respeito à pluralidade democrática.