Audiovisual pressiona governo por regulação do streaming no Brasil

Entidades do setor audiovisual cobram regulamentação das plataformas de streaming e defendem alíquota mínima de 6% para fomentar a produção nacional.

Fonte: CenárioMT

TV Digital
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Seis entidades representativas do setor audiovisual brasileiro encaminharam uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministros para reforçar a necessidade urgente de regulamentação das plataformas de streaming no país.

As associações manifestaram preocupação após o Ministério da Cultura (Minc) participar de uma reunião informal com a Strima, entidade que representa empresas como Netflix, Disney e Amazon. A Strima tem resistido à proposta de contribuição de 6% sobre a receita bruta, defendida pelo governo e pelo setor audiovisual.

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Para os signatários da carta, esse diálogo pode enfraquecer os mecanismos de financiamento da produção nacional, caso o governo ceda às pressões das grandes empresas.

“Estamos mobilizados para pressionar pela manutenção da alíquota de 6% e garantir uma regulamentação que beneficie a cultura brasileira”, afirmou Cibele Amaral, diretora da Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste (Conne).

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O projeto de lei 2.331/22, relatado na Câmara pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), propõe elevar a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) de 3% para 6%. As entidades defendem esse percentual como essencial para assegurar recursos ao setor.

“Não podemos responder com uma regulação tardia que se submeta aos interesses das big techs”, diz o documento encaminhado ao Planalto.

Tiago de Aragão, da Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro, defende que os valores arrecadados sejam destinados majoritariamente ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

O debate sobre o tema também ganhou força durante o Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (Cinesur), onde atores brasileiros destacaram a importância da medida.

Antônio Pitanga cobrou do governo uma posição firme: “Estamos lutando por uma taxação justa. Os 6% já seriam um avanço”.

A atriz Maeve Jinkings, homenageada no evento, destacou os desafios enfrentados pelos profissionais do setor. “Há precarização nos contratos e falta de contrapartida das plataformas ao audiovisual brasileiro”, criticou.

Em resposta, o Ministério da Cultura reafirmou seu compromisso com a regulamentação das plataformas de vídeo sob demanda (VOD). Em nota, a pasta reiterou apoio ao substitutivo de Jandira Feghali e manteve a defesa da alíquota de 6% da Condecine.

“Essa contribuição garante recursos suficientes para fomentar a produção nacional sem comprometer o equilíbrio do mercado”, concluiu o Minc.

O deputado André Figueiredo atua como relator em plenário, enquanto Jandira Feghali permanece à frente do texto na Comissão de Cultura. Segundo o Ministério, ambos mantêm diálogo constante sobre o andamento da proposta.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.