A escritora Ana Maria Gonçalves foi eleita para a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira (10), marcando um feito histórico ao se tornar a primeira mulher negra a integrar a instituição em 128 anos.
Com 55 anos, Gonçalves recebeu 30 dos 31 votos possíveis em uma eleição realizada com urnas eletrônicas fornecidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. A outra candidata votada foi Eliane Potiguara.
Reconhecida por sua atuação como escritora, roteirista e dramaturga, Ana Maria Gonçalves ganhou destaque com o romance Um Defeito de Cor, vencedor do Prêmio Casa de las Américas em 2007. A obra foi eleita o melhor livro de literatura brasileira do século 21 por um júri da Folha de S.Paulo e inspirou o samba-enredo da escola de samba Portela no carnaval de 2024.
O livro narra a trajetória de Kehinde, uma mulher africana que cruza o século 19 em busca de reencontrar o filho, explorando temas como escravidão, racismo e ancestralidade.
A ABL destacou ainda a sólida carreira internacional da autora, que já foi residente em universidades como Tulane, Stanford e Middlebury, nos Estados Unidos. Gonçalves também atua como professora de escrita criativa e curadora de projetos culturais, sempre fomentando o debate sobre literatura e questões raciais.
A vaga foi aberta com o falecimento do gramático e filólogo Evanildo Bechara, em maio deste ano, aos 97 anos. Outros nomes que disputaram a eleição incluíram Eliane Potiguara, Ruy da Penha Lobo e José Antônio Spencer Hartmann Júnior, entre outros.