Aborto em crianças volta ao centro do debate com avanço de projeto na Câmara

Projeto de decreto legislativo que susta normas do Conanda sobre aborto legal em crianças avança na Câmara e gera alerta de movimentos sociais.

Fonte: CenárioMT

Aborto em crianças volta ao centro do debate com avanço de projeto na Câmara
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

O projeto que busca anular a resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) sobre diretrizes do aborto legal em crianças e adolescentes vítimas de violência sexual avançou na Câmara dos Deputados.

O relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE), apresentou parecer favorável ao Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 3/2025, aprovado em comissões da Casa. Ele defende que menores de 16 anos não possuem autonomia para decidir sobre o procedimento e que a autorização judicial ou boletim de ocorrência deve ser obrigatória.

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O parlamentar critica ainda a ausência de limite gestacional na norma, alegando que isso permitiria a realização de aborto em fases avançadas da gravidez. Já o Conanda sustenta que o tempo de gestação não pode ser usado como barreira ao direito da vítima.

Movimentos conservadores afirmam que a resolução fere o “poder familiar” e a inviolabilidade do direito à vida. Entre os autores do PDL estão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Chris Tonietto (PL-RJ), Marco Feliciano (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC), além de parlamentares de partidos como MDB, PSD, Avante, União Brasil, Podemos e Republicanos.

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A resolução atualmente em vigor foi aprovada em dezembro de 2024, com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e em evidências científicas que garantem segurança no atendimento. O texto veda exigências que atrasem o acesso à saúde e à liberdade da vítima.

Entidades como a campanha Criança Não é Mãe alertam para retrocesso. Segundo nota técnica, a proposta retira a única normativa que assegura fluxo humanizado para meninas estupradas. Dados apontam que, entre 2018 e 2023, uma adolescente de 10 a 19 anos morreu por semana no Brasil devido a complicações gestacionais.

Levantamento da Associação de Obstetrícia de Rondônia revela que, em 2023, cerca de 14 mil meninas entre 10 e 14 anos tiveram filhos no país, mas apenas 154 tiveram acesso ao aborto legal. A maioria dos estupros registrados nesse grupo ocorreu dentro do círculo familiar ou entre conhecidos.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.