A implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro funcionou como catalisador para a expansão nacional do Comando Vermelho (CV).
O alerta foi feito pelo coordenador Geral de Análise de Conjuntura Nacional da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pedro de Souza Mesquita, durante audiência na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.
Segundo Mesquita, a presença das UPPs pressionou líderes do CV a deixarem o Rio de Janeiro, ampliando a atuação da facção para outros estados.
“A fagulha desse processo é uma externalidade negativa do próprio projeto de UPP”, destacou o coordenador.
Expansão geográfica
Mesquita detalhou que, ao deixarem o Rio, os líderes do CV buscaram novas áreas de atuação, especialmente na região Norte, desde 2013, com pico no ano passado.
Em 2022, a facção atuava em estados como Tocantins, Pará, Rondônia, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Atualmente, sua presença é relevante também em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, além de outros estados.
A expansão se intensificou com a parceria do CV com grupos locais que enfrentavam a concorrência do Primeiro Comando da Capital (PCC), oferecendo logística para armas e drogas por meio de uma estrutura descentralizada.
“A organização criminosa começou a se proliferar por meio dessa rede de apoio a outros grupos”, explicou Mesquita.
PCC e internacionalização
Durante a audiência, o coordenador destacou que, enquanto o CV se fortalece no país, o PCC tem ampliado sua atuação para fora do Brasil, alcançando atualmente 28 países com mais de 2 mil membros.
O processo de internacionalização do PCC começou em 2016, com convocações de membros que falassem espanhol para expandir a presença em outros países.
Posição do governo do RJ
O governo do Rio de Janeiro afirmou que a expansão do CV não pode ser atribuída apenas às UPPs, ressaltando que a ocupação territorial sem políticas públicas integradas prejudicou a sustentabilidade do projeto.
“A divulgação das ações e a pressão sobre territórios controlados pelo tráfico levaram criminosos a se deslocarem, contribuindo para a expansão do Comando Vermelho”, declarou a Secretaria de Segurança.
O órgão reforçou a necessidade de cooperação entre governos federal, estadual e municipal no combate ao narcotráfico.
















