O jornalismo e o compromisso com a verdade

Fonte: Átila Kleber Oliveira Silveira

Atila Kleber Silveira 4
Atila Kleber Silveira 4

A responsabilidade de um jornalista não está apenas em contar histórias, mas em contar as histórias certas, de forma justa e verdadeira. Ao longo da minha carreira como advogado e gestor público, sempre respeitei o trabalho da imprensa. Mas isso mudou há quatro anos, quando meu nome e a minha reputação foram fortemente abalados pela publicação de matérias me acusando injustamente de um crime sem a devida apuração dos fatos.

Como profissional, sempre me dediquei a oferecer o melhor, cumprindo minhas funções com zelo e comprometimento. No entanto, minha trajetória foi manchada por acusações infundadas, sem que me fosse dada a oportunidade de me defender de maneira justa e adequada. Eu me senti lançado a um tribunal onde a sentença já estava decretada antes mesmo que os fatos fossem devidamente checados.

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Isso aconteceu há quatro anos, em 2020, durante as eleições da autarquia dos engenheiros de Mato Grosso, quando uma jornalista contratada pela entidade gravou, sem o meu consentimento, uma conversa, depois usou esse áudio – alguns meses depois – construindo uma narrativa falsa para me denunciar na esfera administrativa e policial por uma suposta prática de constrangimento ilegal.

A situação se agravou com a publicação de matérias que me acusavam de assédio moral. Enfrentei uma repercussão negativa que foi devastadora, que afetou não apenas a mim, como a gestão da qual fazia parte e tentava a reeleição. Na época, fui submetido a um verdadeiro linchamento público sem qualquer compromisso com a verdade.

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Aqueles que já enfrentaram acusações inverídicas e viram sua reputação ser arrastada pela vala, especialmente por coberturas jornalísticas sem o devido zelo, compreenderão o que senti naquele momento: um misto de desamparo, revolta e humilhação. Essa experiência dolorosa me fez refletir profundamente sobre o poder e a responsabilidade que acompanham a prática jornalística.

Em um mundo onde a informação circula rapidamente e as narrativas são facilmente moldadas, é essencial que a imprensa exerça seu papel com rigor ético e um compromisso inabalável com a verdade. Cada palavra publicada tem o potencial de influenciar vidas, moldar opiniões e determinar destinos. Por isso, é fundamental que o jornalismo não se transforme em um instrumento de julgamento precipitado, mas sim em um pilar de investigação criteriosa e justiça.

A minha vivência reforça a importância de um jornalismo que, antes de buscar a manchete mais impactante, busque divulgar a verdade em toda sua complexidade, já que a responsabilidade social do jornalista não reside apenas em informar e sim em assegurar que essa informação seja correta e contextualizada. Um compromisso verdadeiro com a apuração dos fatos é o que diferencia uma imprensa responsável de um simples difusor de boatos.

Além disso, essa experiência me mostrou que, como sociedade, precisamos ser mais críticos e conscientes no consumo de informação. Não podemos aceitar passivamente tudo o que nos é apresentado. Devemos buscar fontes confiáveis, questionar o que lemos e entender que, por trás de cada notícia, há vidas reais que podem ser profundamente impactadas por aquilo que é divulgado.

Em última análise, esse episódio, por mais doloroso que tenha sido, está me oferecendo a oportunidade de contribuir para um diálogo construtivo sobre o papel do jornalismo em nossa sociedade. É um chamado para que todos nós – jornalistas, leitores e cidadãos – reflitamos sobre o poder das palavras e sobre a importância de utilizá-las com responsabilidade, integridade e respeito. A verdade deve sempre prevalecer, e só por meio dela podemos construir uma sociedade mais justa e informada.

Átila Kleber Oliveira Silveira, advogado em Cuiabá (MT)

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