Classificação etária não existe à toa, afinal, histórias violentas podem fazer mal para a saúde mental de crianças e adolescentes

Fonte: Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu
Fabiano de Abreu

A série coreana Round 6 se tornou um grande sucesso do público infanto-juvenil. Porém, a classificação etária não está sendo obedecida, e isso pode trazer problemas à saúde mental de crianças e adolescentes.

No último dia 12, a Netflix confirmou que a série Round 6 se tornou a mais visualizada da história da plataforma, com 111 milhões de acessos. No ar desde o dia 17 de setembro, o conteúdo tem chamado a atenção de pais e educadores de crianças e adolescentes, ainda que sua classificação etária seja indicada para maiores de 16 anos.

 

Diante da repercussão da série, muito se tem comentado sobre a violência gratuita apresentada em seus episódios. Porém, o que não foi comentado até agora é que a classificação etária não está sendo seguida, e isso pode afetar a percepção e o comportamento dos mais jovens. É importante lembrar que este limite não existe à toa, e que ao assistir estas produções repletas de conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam o “normalizando” e tomando isso como algo comum.

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Sobre os efeitos destes programas na saúde mental, é fundamental observar que nunca podemos generalizar isso. O ser humano é derivado de genótipo e fenótipo, este primeiro como precursor e este segundo como resultado da experiência com o ambiente externo como educação, criação, influências, traumas, inteligência, entre qualquer outro fator que interfira na personalidade que revelam comportamentos que possam se desdobrar em consequências em outras etapas da vida. Uma criança pode ver algo ruim e não repetir, com a consciência de que aquilo não é bom ou não faz bem, como pode querer repetir desafiando ou querendo chamar a atenção. Porque pessoas diferentes, respondem de forma diferente ao mesmo estímulo. Logo, cada um deve observado individualmente, inclusive, em sua influência sobre as demais.

 

Além disso, as crianças e adolescentes ao ter contato direto com tamanha violência podem se tornar reativas e agressivas. Nesta fase da vida eles ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes. Outro detalhe é que, nesta idade, o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções. Basta considerar que a escola é o ambiente que mais se assemelha ao lar, com leis e regras, mas também acolhimento e amor. Por todo segmento educacional com interface da saúde mental, estão todos preocupados com a repercussão dessa série. As crianças tendem a fazer o que veem, não o que os pais e professores sugerem.

 

Diante deste cenário, a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes. Afinal, a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação. Assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida. São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança. Neste caso, recomendo aos pais que deve-se ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato assim como suas consequências.

Para quem não assistiu, a série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão, e isso é algo realmente preocupante, pois cada vez mais há crianças comentando sobre o assunto como se fosse algo normal delas assistirem. O enredo utiliza-se de brincadeiras simples de criança como: ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’, ‘Bolas de gude’ e outras, para assassinar a ‘sangue frio’ as pessoas que não atingem o objetivo final.

Biografia resumida para os periódicos 

PhD, neurocientista, mestre psicanalista, biólogo, historiador, antropólogo, com formações também em neuropsicologia, psicologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica – Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, UniLogos; Membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências. Universidades em destaque: Logos University International, UniLogos, Nova de Lisboa, Faveni, edX Harvard, Universidad de Madrid.

por Fabiano de Abreu

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Round 6: O perigo da falta de filtro diante das crianças

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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.