O avanço da semeadura da soja em Mato Grosso mantém ritmo acelerado nesta safra 2025/26. Mais de 60% dos mais de 13 milhões de hectares previstos já foram plantados até o fechamento da última semana, segundo levantamento da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).
Pesquisadores da instituição acompanharam o desenvolvimento da safra em visitas a propriedades rurais, observando máquinas em operação e lavouras já em estágios vegetativos. O cenário é reflexo de um planejamento consolidado nos últimos anos, mas ainda sujeito à instabilidade climática e aos baixos volumes de chuva registrados nos últimos dias.
Clima e desafios na janela de plantio
A pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, Daniela Dalla Costa, explica que, embora a área plantada esteja acima da média dos últimos cinco anos, a irregularidade das chuvas tende a retardar o processo de semeadura.
“Já estamos preparados para essas irregularidades, entretanto, normalmente a janela de chuvas tende a se estabilizar até os primeiros dez dias de outubro. Esse atraso provoca grande preocupação com o calendário e a janela de plantio da segunda safra”, afirmou.
Ela alerta que produtores que cultivam algodão ou milho após a soja devem redobrar a atenção com o calendário agrícola. “A cultura precisa se estabelecer e ser colhida rapidamente. Caso contrário, a janela para o algodão ou o milho segunda safra pode ficar comprometida”, completou.
Estratégias e decisões antes do plantio
A consultora agronômica da Fundação MT, Jakelinny Martins Silva, reforça que as principais decisões devem ser tomadas antes da semeadura, considerando o sistema de produção adotado — soja-algodão ou soja-milho.
“No sistema soja-algodão, o algodão é a cultura principal, exigindo plantio antecipado da soja. Já no sistema soja-milho, é possível postergar o plantio da soja sem comprometer a janela do milho. O produtor não precisa se precipitar; esperar pode garantir melhores condições”, destacou.
A especialista ressalta também a importância do uso de sementes certificadas de alta qualidade e vigor, além do ajuste da profundidade de plantio e da densidade de semeadura. “Sementes plantadas mais profundamente mantêm contato com a umidade por mais tempo, favorecendo a emergência mesmo em períodos de seca”, orienta.
Monitoramento e pesquisa aplicada
O acompanhamento constante das previsões climáticas é essencial para garantir o sucesso da semeadura. Atrasos podem expor a soja a períodos críticos de chuva, exigindo ajustes no manejo fitossanitário.
Nos últimos anos, o manejo agrícola em Mato Grosso evoluiu com base em dados meteorológicos e pesquisas regionais. “Buscamos entender os impactos de antecipar ou atrasar o plantio da soja, inclusive sobre outras culturas. A pesquisa também apoia o produtor nos manejos iniciais, como profundidade da semeadura e escolha de cultivares”, afirma Daniela Dalla Costa.
Impactos regionais e produtividade
Segundo a pesquisadora, os impactos climáticos variam conforme a região do Estado. No médio-norte e oeste, as chuvas pós-vazio sanitário permitiram rápido avanço da semeadura, mas agora essas áreas enfrentam instabilidade. Já no sul de Mato Grosso, especialmente em Primavera do Leste, a situação é mais preocupante: o atraso nas chuvas pode comprometer a janela ideal tanto da soja quanto do algodão.
O atraso no plantio e a falta de umidade afetam diretamente a produtividade, explica Daniela. “A população de plantas, um dos quatro componentes do rendimento, é definida na semeadura. Se as sementes passam muito tempo sem chuva, a emergência é comprometida e o número final de plantas reduzido, afetando a produtividade.”
Ações da Fundação MT
A Fundação MT oferece consultoria agronômica e suporte técnico para produtores em todas as regiões do Estado. O trabalho envolve o acompanhamento do desenvolvimento das culturas, amostragem de solo e definição de estratégias adequadas para cada sistema de produção.
















