Produção agroindustrial recua em julho e expõe perda de dinamismo no setor

Fonte: CenarioMT

agroindustria biodiesel
Rafael Czamanski / BSBIOS

A agroindústria brasileira registrou retração de 1% em julho de 2025, em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do índice PIMAgro da FGV Agro. Foi a segunda queda consecutiva no comparativo anual e a terceira do ano, sinalizando um processo de desaquecimento que acompanha a desaceleração da própria economia nacional.

O recuo, no entanto, foi concentrado em poucos setores. As maiores baixas vieram de bebidas, com retração de 8,8%, alimentos de origem vegetal, com queda de 0,6%, e biocombustíveis, que tiveram um tombo expressivo de 30,4%, o pior resultado para o mês desde 2003. Mesmo assim, o segmento de produtos alimentícios e bebidas conseguiu registrar leve crescimento de 0,7%, sustentado pelo avanço de 4,3% na produção de alimentos de origem animal, especialmente carnes, laticínios e pescados.

Entre os destaques negativos, a moagem de café (-16,3%) e a produção de sucos (-13,6%) refletiram a mesma tendência de queda observada desde maio, não podendo ainda ser atribuídas ao tarifaço norte-americano anunciado por Donald Trump em julho. No caso das bebidas, a retração foi influenciada pela forte base de comparação, já que em julho de 2024 o setor havia crescido mais de 8%.

O segmento de produtos não alimentícios recuou 2,8% em julho, puxado unicamente pela queda da produção de etanol hidratado, consequência de uma safra mais açucareira e da retração da demanda interna. Em contrapartida, insumos agropecuários cresceram 15,3%, marcando a 13ª expansão consecutiva e o maior avanço para o mês desde 2007, impulsionados pela produção de defensivos agrícolas, máquinas e intermediários para fertilizantes.

No acumulado de janeiro a julho, a agroindústria soma queda de 0,6%, resultado da contração tanto em alimentos e bebidas (-0,8%) quanto em produtos não alimentícios (-0,3%). Apenas quatro setores conseguiram manter desempenho positivo: alimentos de origem animal (+1,5%), insumos agropecuários (+17,5%), produtos têxteis (+3,6%) e fumo (+4,8%).

O desempenho da agroindústria contrasta com o da indústria de transformação, que ainda mantém crescimento acumulado de 0,7% no ano, embora também mostre perda de fôlego. Segundo a FGV Agro, os números de agosto serão decisivos para mensurar o real impacto do tarifaço norte-americano sobre a produção brasileira, já com as medidas em vigor.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista, DRT: 0001781-MT