O preço médio do litro de leite pago ao produtor mato-grossense referente à captação de julho de 2025 foi cotado a R$ 2,31, segundo dados do setor lácteo estadual. O valor representa uma queda de 2,29% em relação ao mês anterior, mas ainda assim figura como o segundo maior da série histórica para o período, atrás apenas de julho de 2022.
Apesar da retração, os números indicam que o movimento não está associado a uma maior disponibilidade de leite no estado. Pelo contrário, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) apresentou nova redução, de 1,28 pontos percentuais, chegando a 45,03%, o menor patamar registrado em 2025. Isso mostra que a produção segue pressionada por fatores climáticos e de custo, e não pela ampliação da oferta.
Cenário da produção
A pecuária leiteira em Mato Grosso tem enfrentado desafios recorrentes ao longo do ano, entre eles a seca prolongada em regiões produtoras e o alto custo de insumos como ração e suplementação mineral. A redução do ICAP-L evidencia que muitos produtores estão com produtividade limitada, o que reforça a pressão sobre a cadeia.
Mesmo diante da queda no preço, o atual patamar ainda é considerado elevado em comparação com a média histórica, garantindo algum fôlego para os pecuaristas. No entanto, a margem de lucro segue apertada, já que os custos de produção se mantêm em alta, principalmente em propriedades que dependem de insumos industrializados.
Dinâmica de mercado
A retração observada em julho também reflete o ajuste da indústria, que busca equilibrar a oferta reduzida de leite cru com a demanda por derivados, como queijo, manteiga e leite em pó. No mercado interno, o consumo se mostra estável, mas os preços no varejo ainda estão altos, o que limita o crescimento da procura.
No cenário nacional, o Brasil segue como grande produtor de leite, mas enfrenta oscilações importantes na rentabilidade do setor. O estado de Mato Grosso, embora não esteja entre os maiores produtores, tem participação relevante na cadeia, com destaque para a produção voltada ao abastecimento regional.
Perspectivas para os próximos meses
Com a chegada do período de transição para as chuvas, a expectativa é de que a pastagem melhore e ajude a recuperar gradualmente os níveis de produção no estado. Caso isso se confirme, o ICAP-L pode voltar a subir, trazendo maior estabilidade à cadeia produtiva.
Ainda assim, especialistas apontam que a sustentação dos preços ao produtor dependerá do equilíbrio entre oferta e demanda e da capacidade da indústria em repassar custos ao consumidor final. Se a captação seguir baixa, há possibilidade de reação dos valores já no último trimestre do ano.
