Palestra de pesquisador da Embrapa abre 1ª reunião da CST de zebuínos na ALMT

Estado lidera em genética bovina, mas 54% das fêmeas no Brasil ainda não têm acesso à tecnologia

Fonte: BS Comunicação / Assessoria de Imprensa Nelore MT

Foto: Luiz Alves ALMT

A Câmara Setorial Temática (CST) da Genética dos Zebuínos realizou nesta segunda-feira (31.03), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), a primeira reunião ordinária. O encontro foi marcado por discussões estratégicas sobre o uso de tecnologias de melhoramento genético no rebanho bovino do estado, com foco especial nos pequenos e médios produtores. A reunião contou com a palestra on-line do zootecnista e pesquisador da Embrapa Gado de Corte de Mato Grosso do Sul, Gilberto Menezes, que destacou os impactos positivos da genética na produtividade e rentabilidade da pecuária.

Com mais de 32 milhões de cabeças de gado, Mato Grosso lidera o ranking nacional e detém o maior número de produtores que investem em genética no país. Ainda assim, cerca de 54% das fêmeas em reprodução no Brasil não têm acesso à tecnologia de melhoramento genético. O desafio da CST é justamente romper essa barreira e ampliar o acesso à inovação.

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Segundo Alexandre El Hage, presidente da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (Nelore MT) e relator da CST, a reunião foi essencial para reforçar a importância de integrar os elos da cadeia produtiva – pastagem, sanidade, nutrição e genética – com apoio das instituições.

“Precisamos discutir como fazer a tecnologia chegar ao pequeno e médio produtor. A palestra do Gilberto Menezes foi clara ao mostrar como investimentos em genética já fazem parte da realidade dos grandes, mas precisam alcançar todos os níveis da produção”, afirmou.

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Durante sua fala, Menezes destacou que o produtor rural deve enxergar o gado como um gerador de alimento de alto valor para a sociedade.“O melhoramento genético é um processo contínuo de aperfeiçoamento. Animais mais eficientes e produtivos significam mais comida, com menor custo ambiental e maior rentabilidade para quem produz”, afirmou o pesquisador, que tem mais de 15 anos de atuação na Embrapa e também é produtor de pequeno porte, conhecendo na prática os desafios do campo.

O diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, lembrou que a base da pecuária está em cinco pilares: genética, nutrição, manejo, sanidade e gestão. “Com reprodutores melhoradores, o produtor ocupa o mesmo espaço no pasto, mas com muito mais retorno. Mato Grosso é referência, com o maior número de produtores usando genética no Brasil”, disse.

O analista de pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Marcos Carvalho, destacou o papel do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) na democratização da tecnologia. Segundo ele, hoje 1.476 propriedades no estado recebem assistência técnica em pecuária de corte, incluindo projetos de inseminação artificial em tempo fixo, com protocolo hormonal, sêmen e atendimento veterinário totalmente custeados pelo Senar. “Basta o produtor procurar um dos nossos 95 sindicatos rurais e participar”, orientou.

Também presente na reunião, o médico veterinário, produtor e consultor da Fetagri, Gilberto Viegas, fez um apelo pela retomada e fortalecimento da extensão rural. “A pesquisa existe, a tecnologia existe, mas sem assistência técnica ela não chega ao agricultor. Precisamos de políticas públicas mais efetivas, com técnicos em número suficiente para a dimensão do estado e a demanda dos agricultores familiares”, ressaltou.

Abate de gados em 2024

A importância do evento ganha ainda mais força diante dos números expressivos da pecuária mato-grossense. Em 2024, o estado superou a marca de 7 milhões de cabeças abatidas pela primeira vez, chegando a 7,36 milhões – um aumento de 19,48% em relação a 2023. O destaque foi para os abates de fêmeas, que cresceram 23,62%, refletindo os impactos do ciclo pecuário e da queda nos preços dos bezerros nos últimos anos. Outro dado relevante foi o avanço dos abates de animais jovens: o estado quase triplicou o volume de bovinos abatidos com menos de dois anos, chegando a 2,75 milhões, o equivalente a 37% do total.

Esses indicadores reforçam a urgência de levar o pacote tecnológico ao campo, sobretudo aos pequenos e médios pecuaristas, para garantir maior eficiência e sustentabilidade na produção. Como destacou El Hage, “entregar mais, já fazemos, agora a nossa missão é entregar melhor”.

A CST da Genética dos Zebuínos foi requerida pelo deputado estadual e primeiro-secretário da ALMT, Dr. João, e é presidida pelo advogado José Lacerda.

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Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista, DRT: 0001781-MT