Mercado de soja brasileiro vive momento aquecido com demanda recorde, mas câmbio limita ganhos

Fonte: CenarioMT

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O mercado de soja e seus derivados apresenta forte dinamismo no início de agosto, impulsionado por dois fatores principais: o robusto interesse chinês e a necessidade de reposição das indústrias esmagadoras nacionais. Levantamentos do Cepea revelam que as exportações brasileiras da oleaginosa atingiram volumes históricos em julho, com 12,25 milhões de toneladas embarcadas – o melhor resultado já registrado para o mês.

Os números consolidam uma tendência de forte desempenho no ano. No acumulado de janeiro a julho, as vendas externas totalizaram 77,2 milhões de toneladas, também marcando recorde para o período. Esse fluxo intenso de embarques reflete tanto a demanda internacional aquecida quanto a competitividade da soja brasileira no mercado global.

Contudo, a significativa desvalorização do dólar frente ao real nos últimos meses atuou como fator limitante para maiores avanços nos preços domésticos. Mesmo com o cenário internacional favorável, a conversão cambial menos vantajosa tem contido os ganhos dos produtores nacionais.

As indústrias esmagadoras locais também contribuem para o aquecimento do mercado, com maior necessidade de reposição de estoques após período de intensa atividade. Esse movimento tem sustentado a demanda interna por soja, especialmente nas regiões próximas aos polos industriais.

Analistas do Cepea destacam que o mercado segue atento à evolução da safra norte-americana e aos desdobramentos da relação comercial entre China e Estados Unidos, fatores que podem influenciar ainda mais os fluxos de exportação brasileiros nos próximos meses. Enquanto isso, no plano doméstico, a combinação entre demanda firme e câmbio desfavorável deve manter os preços em patamares estáveis, sem grandes oscilações no curto prazo.

O desempenho recorde das exportações reforça a posição do Brasil como player global fundamental no abastecimento de soja, ao mesmo tempo em que evidencia os desafios internos de conciliar demanda aquecida com margens pressionadas pela volatilidade cambial.