Os moinhos brasileiros seguem ampliando, mês a mês, as importações de trigo da Argentina diante da baixa oferta doméstica e da apreensão quanto à possível redução na área plantada com o cereal nesta temporada. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), esse movimento reforça a dependência do Brasil do trigo importado, especialmente do país vizinho.
Em junho, o Brasil importou 487,04 mil toneladas de trigo, das quais 94,1% vieram da Argentina — o equivalente a 458,18 mil toneladas — e apenas 5,9% do Paraguai (28,85 mil toneladas), conforme dados da Secex analisados pelo Cepea. Com esse ritmo, o volume importado no primeiro semestre de 2025 chegou a 3,58 milhões de toneladas, representando um aumento de 6,3% em relação ao mesmo período de 2024.
Enquanto isso, os preços internos seguem em trajetória de queda. De acordo com o Cepea, a valorização do real frente ao dólar, aliada à retração de compradores no mercado doméstico, tem contribuído para a pressão sobre as cotações. A conjunção de maior oferta externa, câmbio favorável às importações e menor apetite dos agentes reforça um cenário de desvalorização para o trigo brasileiro.