Impactos da onda de calor no plantio da soja na safra 23/24

A previsão indica possibilidade de temperatura 5ºC acima da média, podendo variar por período de três a cinco dias

Fonte: CenárioMT com Assessoria

soja foto gabriel faria
Foto: Gabriel Faria

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgou, no começo desta semana, um aviso de onda de calor. O alerta destaca os riscos para a saúde, mas também é importante considerar os impactos negativos que as consequências podem causar na atividade agrícola. O alerta destaca a elevação da temperatura iniciada nesta segunda-feira, 18 de setembro e com término previsto na segunda-feira, 25 de setembro. A previsão indica possibilidade de temperatura 5ºC acima da média, podendo variar por período de três a cinco dias.

Desde o fim do vazio sanitário em 15 de setembro, os agricultores estão aptos para o período de semeadura da soja que, no Mato Grosso do Sul, vai de 16 de setembro a 24 de dezembro. Porém, o episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil nos próximos dias, com destaque para Mato Grosso do Sul, exige atenção e cuidados redobrados para a implantação das obras.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia enfatiza que vale a pena esperar um pouco mais para semear, assim o produtor terá mais segurança para garantir um estado de plantas adequadas e uniformes. E complementa que “o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no desenvolvimento em sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou se desenvolver melhor”.

“A recomendação mais adequada para o momento é prudência. Dentro do possível, o ideal seria adiar a semana para o fim da onda de calor. Do contrário, opte por reduzir a área, escalando o processo de semadura”, informa Rodrigo.

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Diante desta situação, Rodrigo chama atenção ainda para a relevância do plantio direto, com destaque à cobertura com palhada e explica “além dos benefícios que os produtores já conhecem, o solo coberto com palhada representa um grande aliado do produtor, pois diante de um cenário climático desfavorável contribui com a redução dos impactos da amplitude térmica, mantendo as sementes e a plântula de soja mais protegidas”.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Éder Comunello destaca que a temperatura do solo costuma ser bem mais intensa do que a do ar porque o solo absorve o calor do sol e o retém por mais tempo, especialmente, nos horários mais quentes do dia e informa que “temperaturas acima de 40ºC podem facilmente superar os 50°C no solo”.

El-Niño

Éder informa ainda que a publicação do valor da anomalia de temperatura do último trimestre (Junho-Julho-Agosto) confirmou que a próxima safra de verão será sob os efeitos do El Niño e acrescenta “desde 2001, esta será a oitava safra de verão cultivada sob efeitos do El Niño. O conceito de El Niño foi definido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que estabelece que são necessários três trimestres consecutivos com anomalia acima de 0,5 °C para declarar oficialmente El Niño”.

Já em relação à onda de calor, Eder explica que esse fenômeno é comum na Região Centro-Oeste, mas que costuma ser intensificado sob condições de El Niño. “O que é incomum são as altas temperaturas previstas para os próximos dias”.

O artigo intitulado ‘El Niño na agricultura: Estratégias para enfrentar um velho conhecido’, escrito pela equipe de pesquisadores de agrometeorologia da Embrapa Agropecuária Oeste reúne mais informações sobre o assunto. O Artigo faz um levantamento histórico dos resultados de produtividade das atividades em safras sobre o efeito do El Niño. Além disso, o artigo reúne algumas estratégias de manejo que podem contribuir com a redução do impacto do calor excessivo nas atividades.

Guia Clima

Diante da importância de dados agroclimáticos em tempos reais, tanto para tomada de decisão quanto para busca de informações em tempo real sobre específicos extremos locais, a Embrapa Agropecuária Oeste conta com o serviço gratuito Guia Clima .

Grande parte dos acessos às informações do Guia Clima são feitas pelo público urbano, pois além dos danos potenciais das ondas de calor à agricultura, eles também podem causar danos potenciais à saúde e ao bem-estar tanto da população quanto dos animais”, acrescenta Eder .

É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.