A ciência e o financiamento serão os pilares do programa Caminho Verde Brasil, de acordo com o ministro de Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro. Ele fez a declaração na conferência de assinatura de um acordo de cooperação técnica entre o Mapa, a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), realizado na tarde desta terça-feira (18) na AgriZone, a Casa da Agricultura Sustentável na COP30.
De acordo com o ministro, uma pesquisa agropecuária será fundamental na orientação para que os investimentos sejam certos para o alcance da meta de recuperação de até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos.
Ele lembrou que, além dos R$ 30 bilhões do primeiro transporte para o Caminho Verde Brasil, anunciado ontem (18), R$ 20 bilhões foram ofertados nas últimas três edições do Plano Safra. de reais nos 3 planos safras que lançamos. “Não precisamos avançar sobre o Cerrado e as florestas para garantir a continuidade do crescimento da produção brasileira”, declarou.
Nesse sentido, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, falou da expectativa de que os pesquisadores tragam resultados que apoiem o Caminho Verde Brasil e mostrem cada vez mais a agricultura como solução para a crise climática, por meio de práticas mais sustentáveis.
O dirigente lembrou que o estatal participou desde o começo do programa do Mapa, realizando o mapeamento das áreas degradadas, fornecendo dados de 160 milhões de hectares e uma relação de tecnologias que podem contribuir para a recuperação, como os protocolos de baixo carbono, os bioinsumos e a integração laboral-pecuária-floresta (ILPF).
A assinatura marcou o lançamento do projeto de cooperação técnica para recuperação e conversão de pastagens degradadas em áreas agrícolas sustentáveis no Cerrado.
Com previsão de aporte pela Jica de U$ 1 bilhão, sendo U$ 500 milhões no primeiro ano e U$ 500 milhões no segundo ano, o projeto é baseado em quatro eixos estratégicos: fortalecimento da resiliência climática, apoio aos pequenos e médios produtores rurais, crescimento da segurança alimentar e expansão do acesso à energia sustentável.
A vice-presidente da Jica, Katsura Miyazaki, que assinou o documento pela agência japonesa, ressaltou que a contribuição do projeto será crucial tanto para a mitigação quanto para a adaptação às mudanças climáticas. Ela também agradeceu a todos os parceiros pela construção do projeto, em contribuição para um futuro mais sustentável e resiliente. Miyazaki enfatizou a oportunidade de assinatura do acordo, em um momento de importância global como a COP30.
Já o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, afirmou que o novo projeto é “icônico” e destacou alguns aspectos políticos de sua construção. Ele lembrou que em 2024 o então primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, esteve no Brasil, onde assinou 30 acordos com o governo brasileiro. Entre eles, um memorando focado na recuperação de áreas de pastagens degradadas.
Em maio de 2025, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Tóquio, os dois líderes revisaram um plano de ações para concretizar a cooperação. De acordo com o embaixador, nas duas graças o projeto de pastagens esteve em destaque. “A iniciativa é importante porque chama a atenção do público para esse problema, que é uma ameaça à produção agrícola do Brasil e também à Amazônia pelo desmatamento”, disse Hayashi.
Mais sobre o novo projeto
O acordo com a Jica terá como foco a cooperação técnica externa para o desenvolvimento do cerrado brasileiro, com ênfase em recuperação de pastagens degradadas, monitoramento por imagens por satélites, saúde do solo, mitigação e adaptação às mudanças climáticas e transferência de tecnologia e capacitação de técnicos e produtores.
Silvia Massruhá lembrou que o projeto liderado pela Embrapa Cerrados foi selecionado pelo edital interno entre mais de 18 projetos de diversas unidades de pesquisa da Empresa. A escolha, segundo o presidente, se deu pelo diferencial da abordagem integrada.
Ela agradeceu aos pesquisadores da equipe líder (Edson Sano, Júlio Cesar dos Reis, Ieda Mendes e Luiz Adriano Cordeiro) e à Jica pelo investimento na pesquisa agropecuária.
AgriZone e COP30
Na cerimônia com a Jica, Carlos Fávaro afirmou que o principal ativo da agricultura brasileira é o clima. “Temos grandes ativos para produzir alimentos, como pessoas, tecnologias e terras, mas nada seria possível se estivéssemos num deserto”, disse.
O ministro agradeceu à Embrapa e a todos os patrocinadores e expositores da AgriZone por enfrentarem o desafio de, durante a COP30, mostrar o quão importantes são as tecnologias sustentáveis para a produção de alimentos, com apoio em evidências científicas.
















