A decisão do governo federal de cortar 42% do orçamento destinado à subvenção do Seguro Rural em 2025 acendeu o alerta no setor agropecuário. Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, a medida representa um grave retrocesso em um momento já marcado por forte instabilidade climática e alto endividamento dos produtores rurais.
“Ano passado enfrentamos uma das piores secas desde que se cultiva soja em Mato Grosso. No Sul, o cenário foi de enchentes. O seguro rural é fundamental para mitigar essas perdas, mesmo não sendo ideal para a realidade do Brasil, principalmente do Centro-Oeste”, afirmou Beber.
O presidente da Aprosoja-MT ressalta que a redução na verba torna ainda mais difícil o planejamento da próxima safra, que exige estratégias de proteção diante das incertezas climáticas cada vez mais recorrentes. “Esse corte vem como um golpe para o nosso setor. Já reclamamos há anos que é preciso um seguro rural mais adequado às realidades regionais. Com menos recursos, a capacidade de contratação das apólices cai drasticamente, justamente quando mais precisamos”, criticou.
Produtores no limite
Lucas Costa Beber também alertou para o quadro crítico de endividamento dos produtores, especialmente os que atuam em áreas de arrendamento. Ele lembra que muitos agricultores ampliaram suas áreas produtivas nos últimos anos, confiando em políticas públicas mínimas para mitigar riscos.
“O custo de financiamento está muito alto, os juros seguem elevados e temos produtores no fundo do poço. A retirada desse aporte para o seguro rural afunda ainda mais essa situação”, concluiu o presidente.
Pedido de revisão
Entidades representativas do agronegócio têm cobrado do governo federal revisão da medida, considerando o papel estratégico da agricultura brasileira no abastecimento interno e nas exportações. O seguro rural é apontado como instrumento essencial de proteção e viabilidade econômica, especialmente diante das mudanças climáticas e da volatilidade dos mercados globais.