Foi lançada neste sábado (12), no Egito, a iniciativa Food and Agriculture for Sustainable Transformation (FAST), liderada pela presidência da 27ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP27) em parceria com a FAO e países signatários, como o Brasil.
A ação tem como objetivo impulsionar os esforços globais de adaptação dos sistemas alimentares, diante da crescente demanda global por alimentos, com o uso eficiente dos recursos naturais. O evento reuniu ministros, secretários e autoridades de diversos países que participam da COP27, em Sharm-el-Sheik (Egito).
Representando o ministro Marcos Montes (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e como chefe da delegação do Mapa na COP27, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação, Cleber Soares, destacou que a sustentabilidade tem sido a base da agricultura brasileira nos últimos 50 anos. Com investimentos em pesquisa e inovação, o país deixou de ser um importador de alimentos para se tornar um dos maiores produtores de alimentos do mundo, contribuindo com a segurança alimentar de 1 bilhão de pessoas no planeta.
Ele ressaltou que, mesmo com a expansão da produção, a agropecuária ocupa apenas 30% do território brasileiro, enquanto mais de 60% da vegetação nativa permanece preservada.
“Hoje, a agricultura brasileira conjuga produtividade e conservação, e é um exemplo de como a produção de alimentos pode andar de mãos dadas com geração de renda, inclusão social e gestão ambiental. Além disso, o Brasil é um dos únicos países do mundo capaz de aumentar sua produção agrícola sem incorporar novas terras às atividades produtivas, simplesmente restaurando seus mais de 70 milhões de hectares de pastagens degradadas”, disse o secretário durante painel de lançamento da iniciativa FAST.
De acordo com Cleber Soares, o Brasil está disposto a contribuir para agilizar a transformação sustentável dos processos produtivos de outros países por meio do compartilhamento de tecnologias desenvolvidas e aprimoradas nas últimas décadas.
“O Brasil está pronto para compartilhar sua experiência com países com circunstâncias naturais semelhantes, a fim de acelerar a transição para sistemas alimentares sustentáveis. Por meio da capacitação, os agricultores de todo o mundo podem aprender a adotar as melhores práticas que não apenas reduzem as emissões e preservam a biodiversidade, mas também geram mais renda. Significa que, uma vez que os agricultores aderem à agricultura sustentável, não há incentivo para regredir ao uso predatório de recursos naturais”.
Segurança Alimentar
Na plenária sobre Segurança Alimentar e Mudanças Climáticas, o secretário Cleber Soares ressaltou que a agropecuária brasileira é parte da solução deste desafio, ao conseguir ampliar a produtividade de alimentos nos próximos anos sem a necessidade de ocupar novas áreas, sendo um fornecedor confiável de alimentos seguros e nutritivos.
“Por meio da ciência e da inovação, o Brasil tem utilizado a tecnologia para ampliar a produção, aumentando a produtividade. Como resultado, podemos alcançar até três colheitas por ano na mesma área. Utilizando menos de 30% do nosso território para agricultura e pecuária, comprovamos que a agricultura pode ser fonte de crescimento econômico, inclusão social e preservação ambiental. Hoje, um em cada cinco pratos do mundo contém alimentos produzidos no Brasil. Estamos conscientes de nossa responsabilidade como fornecedor confiável de alimentos seguros e nutritivos diante da crescente demanda global.”
Bioinsumos
Em painel sobre Agricultura Resiliente às Mudanças Climáticas, o coordenador-Geral de Mecanização, Novas Tecnologias e Recursos Genéticos do Mapa, Alessandro Cruvinel, apresentou o mercado de bionsumos no Brasil. Segundo ele, 30% dos bioinsumos utilizados no país são fabricados dentro das próprias propriedades rurais, o que contribui para a redução de custos do produtor e da dependência a insumos químicos e importados.
O mercado brasileiro tem crescido a uma média de 8,2% ao ano. E a estimativa é que, até 2025, 20% dos insumos químicos utilizados na agricultura passarão a ser substituídos pelos bioinsumos. O coordenador destacou a importância da participação dos estados e municípios, por meio de políticas locais, para o avanço do uso desses insumos no país.
Alessandro Cruvinel destacou ainda que os bioisumos são importantes ferramentas para “baratear o preço dos alimentos e, assim, contribuem para a segurança alimentar global”.
Os bioinsumos são em sua maioria de origem biológica e natural e o seu uso nas lavouras brasileiras ajudam a reduzir a dependência do uso de defensivos e fertilizantes químicos e a sobrecarga ao meio ambiente. Já foram registrados mais de 560 produtos biológicos no país, sendo mais da metade somente nos últimos 3 anos o que demonstra uma forte tendência de aumento do uso nas lavouras.
Lançado em 2020, o Programa Nacional de Bioinsumos do Mapa tem a finalidade de ampliar e fortalecer a utilização desses produtos que podem ser também processos ou tecnologias de origem animal, vegetal ou microbiana.