Após quase cinco meses sem adquirir soja norte-americana, a China voltou ao mercado dos Estados Unidos. Segundo informações de agências internacionais, a estatal chinesa Cofco comprou três carregamentos de soja dos EUA, totalizando cerca de 180 mil toneladas, com embarques previstos entre dezembro e janeiro. A operação ocorre em um momento estratégico, às vésperas do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, sendo interpretada como um gesto de boa vontade política no contexto comercial entre as duas potências.
A reaproximação entre China e EUA pode ter reflexos diretos no mercado brasileiro, especialmente sobre os prêmios da soja nos portos. Embora ainda estejam em patamares positivos, a tendência é de queda nas próximas semanas, diante da possível redução na procura chinesa pelo produto nacional. Nesta terça-feira (28), o prêmio de exportação da soja para entrega em outubro ficou em US$ 1,80 por bushel em Paranaguá (PR), enquanto o de vencimento em fevereiro seguia positivo, em US$ 0,60 por bushel.
Mesmo com a perspectiva de menor demanda, o Brasil segue com forte volume de embarques. Conforme dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o país deve exportar 7 milhões de toneladas de soja em outubro, número 57,8% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado. A entidade, porém, reduziu a estimativa em relação à semana anterior, quando projetava 7,34 milhões de toneladas.
Para o farelo de soja, a previsão da Anec aponta embarques de 2,08 milhões de toneladas, praticamente estáveis frente à estimativa anterior (2,09 milhões), mas com recuo de 15,3% na comparação anual.
O movimento recente reforça o caráter volátil e sensível do mercado da oleaginosa, que segue condicionado não apenas a questões de oferta e demanda, mas também a fatores geopolíticos. Caso o entendimento entre EUA e China avance, a competitividade da soja americana pode aumentar, trazendo pressão adicional sobre os preços e prêmios do produto brasileiro nos portos.















