Mais de 60% dos mais de 13 milhões de hectares que devem ser cultivados em Mato Grosso foram plantados até o fechamento da última semana. Os pesquisadores da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), em visitas a propriedades, visualizaram máquinas em operação e o plantio já avançado para estágios vegetativos, reflexo de um planejamento que vem sendo adotado nos últimos anos.
A pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, Daniela Dalla Costa, explica que apesar da área plantada ser maior que na mesma época do ano passado e da média dos últimos 5 anos, a instabilidade climática dos últimos dias e os baixos volumes previstos, tendem a retardar o processo de semeadura. Segundo ela, o foco agora é otimizar os recursos disponíveis e adequar o sistema operacional para garantir a eficiência e rapidez da semeadura assim que as condições ambientais se estabilizarem.
“Já estamos preparados para essas irregularidades, entretanto, normalmente a janela de chuvas tende a se estabilizar até os primeiros dez dias de outubro. Esse atraso provoca grande preocupação com o calendário e a janela de plantio da segunda safra. Produtores que cultivam algodão depois da soja precisam que a cultura se estabeleça e seja colhida rapidamente. Neste momento, o cenário também começa a preocupar para a janela de semeadura do milho segunda safra”, explica a pesquisadora.
A consultora agronômica da Fundação MT, Jakelinny Martins Silva, destaca que, depois de realizar a semeadura, o produtor não tem muito controle, restando aguardar por condições climáticas favoráveis. As decisões mais importantes devem ser tomadas antes do plantio, considerando o sistema de produção adotado, seja soja-algodão ou soja-milho.
No sistema soja-algodão, a pesquisadora ressalta que o algodão é a cultura principal, exigindo o plantio antecipado da soja. Já no sistema soja-milho, é possível postergar a semeadura da soja sem comprometer a janela ideal do milho. O produtor, especialmente neste segundo caso, não precisa ficar ansioso. A espera pode garantir melhores condições de plantio.
“A utilização de sementes certificadas, de alta qualidade e vigor, ajuda no arranque inicial e na superação dos desafios climáticos. Também é importante ajustar a profundidade da semeadura e outros aspectos operacionais”, afirma Jakelinny Silva.
Acompanhamento constante
Os produtores devem acompanhar as previsões do tempo, essenciais para o planejamento da semeadura, já que oscilações nas chuvas são esperadas. Atrasos no plantio podem expor a soja a períodos críticos de chuva, exigindo atenção ao manejo fitossanitário. Nos últimos anos, o manejo evoluiu com base nas variações climáticas, tornando os produtores mais assertivos na escolha de cultivares, no ajuste do calendário e nas práticas de plantio.
“Em relação à pesquisa, buscamos entender os impactos de antecipar ou atrasar o plantio da soja, inclusive sobre outras culturas. A pesquisa também apoia o produtor nos manejos operacionais iniciais, como profundidade da semeadura, ajustes de implementos e escolha de cultivares”, descreve Daniela Dalla Costa.
A consultora agronômica Jakelinny Silva orienta os produtores que precisam seguir com o plantio mesmo com riscos climáticos a escolherem talhões bem estruturados e com boa fertilidade. É essencial selecionar cultivares mais resistentes, além de cuidar da profundidade da semeadura, sementes plantadas mais profundamente mantêm contato com a umidade por mais tempo, favorecendo o desenvolvimento, especialmente em períodos de seca.
“Pode ser que a planta não se desenvolva bem ou nem sobreviva. É importante cuidar da quantidade de sementes por metro, pois, em caso de intempéries, algumas podem não vingar. O ideal é usar a população correta ou ajustar com as marcas, para evitar queda acentuada no estande de plantas”, pontua.
Sobre o impacto climático atual na janela de plantio, a pesquisadora explica que a situação varia conforme a região. O médio-norte e o oeste do estado, por exemplo, tiveram chuvas logo após o fim do vazio sanitário, em 16 de setembro, o que permitiu o avanço rápido da semeadura, onde neste momento estas regiões enfrentam um cenário de instabilidade climática.
“Os maiores impactos estão na região sul estendendo-se até o município de Primavera do Leste, onde o sistema soja-algodão exige plantio antecipado. Essa região já tem histórico de chuvas mais tardias, porém neste ano atrasou ainda mais, o que pode comprometer a janela da soja e, possivelmente, do algodão também”, conclui Daniela.
Já sobre os efeitos fisiológicos do atraso no plantio e a exposição inicial à falta de umidade, a pesquisadora explica que isso afeta diretamente a produtividade da soja. A população de plantas, um dos quatro componentes que determinam o rendimento, é definida na semeadura. Se as sementes são expostas a longos períodos sem chuva, a emergência pode ser comprometida, afetando o número final de plantas e, consequentemente, a produtividade.
A Fundação MT oferece serviços de consultoria agronômica de alto impacto, integrando conhecimentos de diversas áreas de pesquisa. O trabalho inclui o acompanhamento do desenvolvimento das culturas, a amostragem de solo e a definição de estratégias para o sistema de produção. Este e outros serviços estão disponíveis para consulta no site fundacaomt.com.br
 
     
     
     
     
     
							














 

