Cadernos apreendidos em presídio têm anotações sobre golpes e extorsão aplicados por presos pelo celular em MT

As anotações estão registradas em mais de 300 cadernos e apostilas apreendidas. Os presos mais antigos ensinavam os presos novos a aplicarem golpes usando aparelho celular.

Fonte: Por Leandro Trindade, TV Centro América

Uma operação na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, apreendeu vários materiais usados pelo crime organizado. Entre os objetos havia cadernos e apostilas usados pelos criminosos para registrar a contabilidade, dados pessoais e anotações sobre os métodos usados pelas quadrilhas para aplicar golpes.

Agno Ramos, diretor da PCE, comandante da operação, contou que entre os materiais haviam dados de automóveis e cadastros de pessoas em sites de venda de veículos e valores que deveriam ser pagos às facções.

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Os agentes do sistema prisional encontraram um caderno com registros de depósitos em dinheiro feitos por familiares de presos aos criminosos para as facções, além dos contatos das famílias dos detentos e também tinha números de contas bancárias.

O golpe era aplicado em forma de extorsão, pois era solicitado um valor em dinheiro ao familiar de presos para que o detento não sofresse violência dentro da cadeia.

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O familiar de um dos presos, que não quis se identificar, contou que fazia depósitos em dinheiro mensalmente. Os valores eram em torno de R$ 50 a R$ 200, dependendo o que fosse pedido pela organização criminosa.

Segundo a investigação, os presos, membros de facção, também ofereciam um curso preparatório para detentos sobre como aplicar golpes. Os presos mais antigos ensinavam os presos novos a aplicarem golpes usando aparelho celular. As anotações estão registradas em mais de 300 cadernos e apostilas apreendidas.

De acordo com as anotações contidas nos cadernos, os presos movimentavam cerca de R$ 200 mil por mês e cerca de R$ 1 milhão ao ano com golpes de vendas de automóveis. Mais de 500 presos estão listados no material.

O setor de inteligência da Polícia Civil está investigando o caso. Foi aberto um inquérito para investigar os presos que estão listados e os para que respondam judicialmente.

Operação na PCE

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a operação foi nomeada de ‘Agente Elison Douglas’. O servidor foi assassinado em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, no dia 30 de julho.

Uma força-tarefa revistou a carceragem, os raios e celas da unidade prisional. Serão verificadas também as condições estruturais da área da carceragem e feita a retirada de produtos que estão em ‘desconformidade com as regras do sistema penitenciário’.

Na primeira fase da operação, foram apreendidos diversos aparelhos eletrônicos, como ventiladores, freezeres e geladeiras. A PCE tem capacidade para pouco mais de 800 presos e abriga cerca de 2.500 presos cumprem pena na PCE.

Após a revista geral foi iniciada a reforma nas celas dos raios 1,2,3 e 4. O objetivo, de acordo com a Sesp, é fortalecer as ações de enfrentamento a crimes que possam ser cometidos dentro da unidade penal.

Durante a operação foram suspensas as visitas aos presos, assim como o atendimento a advogados e defensores públicos. Apenas as escoltas emergenciais, em caso de saúde, serão realizadas.

Em nota, o Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen-MT) declarou que a operação é um pedido dos servidores do sistema penitenciário tendo em vista o crescimento do crime organizado dentro de unidades penais.

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Reporter e editor do CenárioMT, possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre a região norte de Mato Grosso. Cargo: Repórter, DRT: 0001686-MT