Os bioinsumos reduzidos para uma produção sustentável, mas é necessário dispor de conhecimentos sobre o uso desses produtos adequados, para garantir sua eficácia nas lavouras. Com este objetivo, profissionais da extensão rural, técnicos de empresas do agronegócio cearense e estudantes de pós-graduação participam do curso “Inovações tecnológicas para uso racional de bioinsumos em fruteiras tropicais”, realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), no período de 24 a 28 de novembro. Especialistas de diferentes unidades da Embrapa e de outras instituições de pesquisa vão compartilhar conhecimentos com foco no uso de bionsumos em fruteiras como bananeira e cajueiro, culturas e anuais como milho, soja e feijão.
Bioinsumos são produtos ou processos de origem vegetal, animal ou microbiana, destinados à produção agropecuária e outros setores produtivos. Os insumos biológicos de base microbiana envolvem inoculantes, que fornecem nutrientes essenciais para as plantas, bioestimulantes, que melhoram o desempenho das lavouras e a qualidade dos frutos, e biodefensivos, que atuam no controle biológico de Tradicional. Devido às suas múltiplas funções e eficiência comprovadas, há uma demanda crescente por esses produtos no mercado. Segundo dados da CropLife Brasil (CLB), associação que reúne empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a produção agrícola sustentável, o uso de bioinsumos na safra 2024/2025 aumentou 13% e, nos últimos três anos, a evolução anual do setor foi de 21%.
De acordo com o pesquisador Wardsson Borges, coordenador de capacitação, tecnologias baseadas em processos biológicos têm sido cada vez mais procuradas no mercado, para o desenvolvimento de uma agricultura regenerativa e sustentável. Essas inovações são cruciais para o estabelecimento de sistemas de produção que resultam em produtos livres de resíduos, especialmente frutas que são consumidas in natura, e menor risco de contaminação ambiental. A busca por essas tecnologias é estimulada pelos consumidores cada vez mais conscientes dos efeitos negativos da aplicação de insumos químicos na agricultura, tanto para a saúde como para o meio ambiente.
“O uso racional de bioinsumos reduz a dependência de defensivos e fertilizantes químicos, diminui os custos na produção e proporciona ganhos na produtividade e qualidade dos alimentos, além de proteger o solo e aquíferos. Capacitar os profissionais envolvidos com a produção e o uso desses insumos é crucial para ampliar a adoção com segurança e aproveitamento de todos os potenciais esses produtos, evitar desperdícios na sua aplicação, garantir a oferta de alimentos mais saudáveis para o consumidor e reduzir impactos na agricultura”, disse Borges.
O curso faz parte das ações do projeto “Desenvolvimento de bioinsumos para racionalização da fertilização na bananicultura nacional”, executado com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Agrisus, entidade brasileira que apoia iniciativas inovadoras para a recuperação e conservação de recursos naturais.
Programação
Com carga horária de 40 horas, a capacitação conta com palestrantes da Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas/MG), Embrapa Semiárido (Petrolina/PE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Federal de Minas Gerias. Serão abordados aspectos regulatórios do desenvolvimento e aplicação de bioinsumos, prospecção e avaliação de microrganismos associados a plantas de interesse econômico, bioinsumos para promoção de crescimento vegetal e para controle biológico de planejamento, bioinsumos multifuncionais, agricultura regenerativa e uso de compostos bioativos como semioquímicos (substâncias produzidas por organismos vivos) e proteínas para manejo de agricultura.
Os participantes também conhecerão experiências práticas dos grupos Scheffer e Sitio Barreiras e das startups locais TopBio Sistemas Biológicos e Biotech4Life, com uso de bioinsumos e desenvolvimento de diferentes produtos biológicos para a agricultura. “Além do compartilhamento de conhecimentos técnicos relevantes para a qualificação de atores envolvidos com a temática, a capacitação é um espaço para a interação entre profissionais de diferentes instituições, essencial para o fortalecimento do ecossistema de inovação em bioinsumos do estado do Ceará”, avalia Borges.
Alinhamento ao Plano Nacional de Bioinsumos
Embora o mercado nacional de bioinsumos esteja em crescimento, a falta de conhecimento sobre essas tecnologias pode levar a investimentos ineficazes. Para serem oriundos de organismos vivos, esses insumos exigem condições específicas de presente, armazenamento, dosagem e aplicação para garantir sua previsão e eficiência nos resultados. O conhecimento técnico permite a tomada de decisões assertivas, aumenta a segurança dos trabalhadores rurais e a confiança dos agricultores na tecnologia, requisitos essenciais para a sua adoção em larga escala.
A capacitação de profissionais para o uso de bioinsumos está homologada às demandas do Plano Nacional de Bioinsumos, política pública coordenada pelo Mapa desde 2020, que estimula o uso de produtos biológicos na agropecuária brasileira para tornar o setor mais sustentável. A Embrapa participa das ações previstas no Plano, por meio de pesquisas para o desenvolvimento de novos bioinsumos para o mercado e para a melhoria do acesso de agricultores familiares a esses produtos. Além disso, mobilizar diferentes instâncias com foco público na formulação e implementação de outras políticas externas para a redução de impactos decorrentes do uso de agroquímicos.
Entre os resultados práticos dessa articulação está a Chamada Pública lançada recentemente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de 60 milhões de reais. De fluxo contínuo, a iniciativa visa possibilitar a instalação de biofábricas para a produção de insumos biológicos, para atender especificamente famílias. Podem submeter propostas associações, cooperativas e organizações do terceiro setor, entre outras entidades representativas dos produtores, sem fins lucrativos. Um dos requisitos para aprovação das propostas é manter parceria formalizada com a Instituição de Ciência e Tecnologia, que deverá colaborar na elaboração das propostas das biofábricas e na execução da produção.
Borges explica que os bioinsumos ainda são pouco utilizados na agricultura familiar, principalmente em função da produção em pequena escala e com diferentes cultivos. “A expectativa é que o estabelecimento de novas plantas de produção, em diferentes regiões do Brasil, facilite esse acesso. A Embrapa se coloca como parceira nesse processo e na realização de capacitações. Esse curso é o primeiro passo para garantir o conhecimento técnico necessário para viabilizar as biofábricas”, afirma.















