Mulheres negras LBTI se reuniram em Brasília durante o feriado da Consciência Negra para concluir um diagnóstico que identifica necessidades e falhas nas políticas públicas destinadas a esse grupo. O material será apresentado na Marcha de Mulheres Negras, prevista para o dia 25.
Coordenadora do Comitê Nacional LBTI, a psicóloga Amanda Santos afirma que o relatório busca orientar ações que promovam o bem-estar dessas mulheres. Ela destaca que, assim como ocorreu no Centro-Oeste, outras cidades também realizam rodas de diálogo para construir um panorama nacional.
Diagnóstico
O documento reúne eixos essenciais como saúde, segurança, comunicação, direito familiar, arte, cultura e moradia. Segundo Amanda, normas e legislações que ignoram a diversidade acabam restringindo o acesso a direitos básicos, caracterizando um processo de LGBTfobia.
Ela cita exemplos recorrentes, como casos em que parceiras homoafetivas não conseguem tomar decisões médicas quando uma delas perde a consciência, deixando a decisão aos familiares. Em habitação, aponta desigualdades entre casais héteros e homoafetivos.
“Na saúde, ainda há instituições que dificultam o uso do nome social, e isso precisa ser criminalizado”, afirmou.
A coordenadora defende que o Estado reconheça a diversidade e corrija práticas que excluem direitos historicamente garantidos a outros grupos.
Reparação
O encontro contou com a participação de Heliana Hemetério, referência do movimento lésbico e LGBT e fundadora da Rede Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras. Pesquisadora aposentada do IBGE, ela destacou a importância do feriado nacional de 20 de Novembro por reconhecer a representatividade da população negra.
“O feriado reconhece os 54% de brasileiros que se declaram negros, e possivelmente somos ainda mais”, disse.
Heliana afirma que a data contribui para processos de reparação, entendida como a garantia de moradia, educação, lazer, saúde e demais direitos. Para ela, o reconhecimento histórico precisa vir acompanhado de ações concretas.
A historiadora lembra que a abolição não foi motivada pelo bem-estar da população negra, mas por interesses econômicos e pressões externas no contexto da Revolução Industrial.
















