Após polêmica sobre Belém, chanceler Friedrich Merz diz esperar “boa conversa” com Lula no G20

Líder alemão minimiza declarações que geraram desconforto e afirma que diálogo com o presidente brasileiro seguirá “sem complicações”

Fonte: CenárioMT

Photo: Steffen Prößdorf. CC BY-SA 4.0
Photo: Steffen Prößdorf. CC BY-SA 4.0

Merz busca afastar clima de tensão após comentário sobre visita ao Pará; governo alemão afirma que não houve intenção de desrespeito

Na manhã desta quinta-feira, 20 de novembro, o chanceler alemão Friedrich Merz voltou a comentar sobre a repercussão negativa de suas declarações envolvendo a cidade de Belém e afirmou que espera ter uma “conversa totalmente descomplicada” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cúpula do G20, que será realizada na África do Sul a partir do próximo sábado.

O episódio ganhou destaque na imprensa brasileira e alemã após Merz mencionar, em tom irônico, que nenhum jornalista de sua comitiva desejou prolongar a estadia no Brasil após a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém no início de novembro. O comentário gerou desconforto diplomático e levou Lula a rebater publicamente, exaltando a cultura e a gastronomia paraenses.

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Questionado sobre o clima entre os dois governos, Merz minimizou o incidente e retomou o tom conciliador. “Disse que a Alemanha é um dos países mais bonitos do mundo, e o presidente Lula provavelmente aceitará isso”, afirmou durante coletiva em Berlim ao lado do premiê sueco Ulf Kristersson. O chanceler também lembrou que havia tido um encontro “muito bom” com o brasileiro na Cúpula de Líderes sediada na capital paraense.

Comentário inicial provocou reação no Brasil

Durante um discurso recente na Alemanha, Merz brincou ao relatar que, ao perguntar aos jornalistas se alguém gostaria de permanecer no Brasil após a viagem oficial, “ninguém levantou a mão”. Ele acrescentou que todos teriam ficado “contentes por retornar à Alemanha, especialmente daquele lugar onde estávamos”, referência interpretada como depreciativa a Belém.

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O comentário repercutiu de imediato, levando Lula a responder em tom firme. O presidente destacou que o chanceler deveria ter aproveitado melhor a culinária, a cultura e as tradições locais. “Berlim não oferece 10% da qualidade do Pará e de Belém”, disse durante a inauguração de uma ponte em Tocantins. Lula ainda afirmou que Merz deveria ter ido “dançar no Pará” e vivido a cultura local.

A troca de declarações evidencia a sensibilidade que envolve temas relacionados ao meio ambiente, Amazônia e relações internacionais — áreas diretamente acompanhadas por setores políticos e diplomáticos, além de repercutirem em debates nacionais relatados no cenário político.

Governo alemão nega intenção ofensiva

O porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, tentou desfazer o mal-estar ao afirmar que o chanceler não teve qualquer intenção de ofender o Brasil ou Belém. Ele reforçou que a visita ao Pará teve o objetivo de aprofundar as relações bilaterais e ampliar projetos conjuntos entre os países.

Kornelius descartou inclusive a possibilidade de um pedido formal de desculpas. Segundo ele, as relações teuto-brasileiras permanecem sólidas e sem prejuízos, e Merz teria aproveitado intensamente a curta viagem para reforçar os laços com Brasília.

No Parlamento alemão, no entanto, declarações também foram alvo de críticas. A deputada Isabel Cademartori, do Partido Social-Democrata (SPD), afirmou à DW que líderes europeus devem evitar demonstrações que soem como “arrogância ocidental” ao se dirigir aos países do Sul Global.

Reações internas na Alemanha também repercutiram

O ministro da Fazenda e co-líder do SPD, Lars Klingbeil, comentou o episódio durante viagem à China e disse que acredita que o assunto será resolvido rapidamente. Para ele, a visita de Merz ao Pará foi positiva e reforçou oportunidades de cooperação. Porta-vozes dos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento afirmaram não ver sinais de crise diplomática.

A posição dos ministros reflete o interesse crescente em projetos ambientais e econômicos envolvendo a Amazônia, tema frequentemente acompanhado por veículos brasileiros e estrangeiros, especialmente diante de debates globais sobre clima e desenvolvimento sustentável — pautas também monitoradas por portais especializados, como a editoria de mundo.

Expectativa para o encontro no G20

A cúpula do G20 na África do Sul deve reunir líderes das maiores economias do mundo e promete ser o primeiro encontro presencial entre Merz e Lula após a polêmica. O governo brasileiro não comentou se pretende tratar diretamente do assunto, mas aliados afirmam que Lula deve priorizar temas estruturais, como cooperação ambiental e investimentos internacionais.

Merz, por sua vez, afirmou estar “ansioso” para reencontrar o presidente brasileiro e garantiu que a relação entre os dois países permanece “excelente”. Os discursos recentes indicam que ambos desejam afastar tensões e evitar que o episódio contamine pautas diplomáticas mais amplas.

A troca de declarações entre Lula e Merz expôs um raro momento de desconforto entre Brasil e Alemanha, mas o discurso conciliador do chanceler e a resposta diplomática do governo alemão apontam para a normalização das relações. O G20 deve servir como palco para dissipar ruídos e retomar a agenda conjunta entre os dois países.

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