Universitário da UFC teria usado pré-teste do Prêmio Capes para obter conteúdo do Enem 2025
Estudantes relatam pagamentos, orientações para memorizar perguntas e oferta de transporte até a prova aplicada em 2024
Na manhã desta quinta-feira, 20 de novembro, novos elementos fortaleceram as suspeitas sobre o universitário cearense apontado como responsável por vazar itens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025. O caso, que levou à anulação de três questões da prova, voltou a repercutir após depoimentos de estudantes que participaram do Prêmio Capes de Talento Universitário, aplicado em dezembro de 2024.
Segundo relatos reunidos pelo g1, — um. aluno de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), campus Sobral — teria oferecido R$ 10 por cada pergunta memorizada pelos participantes da avaliação. As questões integravam o banco de itens pré-testados do Enem, mecanismo utilizado pelo Ministério da Educação para calibrar nível de dificuldade e validar perguntas destinadas a exames futuros.
Estratégia envolvia pré-teste e detalhamento das questões
Os universitários que prestaram o Prêmio Capes afirmam que, antes da prova, receberam orientações para memorizar imagens, enunciados e conteúdos presentes na avaliação. Como a aplicação ocorre em computador, não há caderno físico de questões — o que explicaria o pedido por memorização minuciosa.
Relatos apontam ainda que o estudante chegou a solicitar informações complementares para enriquecer seu banco de dados. Em troca, além do pagamento por pergunta, também teria oferecido arcar com o transporte de quem viajasse de Sobral a Fortaleza para participar da premiação.
“Ele dizia que gostava muito do prêmio e que queria incentivar a nossa presença”, relatou um dos estudantes, sob anonimato. Outro participante afirmou que acreditava que os pedidos eram para a elaboração de simulados, já que o universitario frequentemente divulgava materiais de estudo.
Itens do Enem exibidos em transmissão ao vivo
A suspeita ganhou força após uma transmissão realizada em 11 de novembro. Na ocasião, o universitário apresentou pelo menos cinco questões de matemática e ciências da natureza que guardavam semelhanças diretas com perguntas aplicadas no Enem 2025 dias depois.
Em mensagens atribuídas ao estudante, ele dizia: “Capriche nas questões de matemática. Se as respostas forem mais detalhadas, posso até aumentar o valor”. Comprovantes de PIX e registros de conversas reforçam a dinâmica descrita pelos depoentes.
A repercussão aumentou em meio à movimentação nacional em torno do Enem, tema sempre acompanhado de perto por estudantes e famílias, sobretudo em estados como Mato Grosso e regiões com ampla presença de universidades públicas. Notícias relacionadas à educação costumam aparecer ao lado de coberturas de temas institucionais, como o noticiário de política.
Inep aciona Polícia Federal; investigação em andamento
Diante dos indícios de que itens pré-testados teriam sido apropriados de forma irregular, o Inep solicitou abertura de inquérito à Polícia Federal. A instituição reforça que o pré-teste é um procedimento sigiloso e fundamental para garantir a qualidade técnica do exame, e que qualquer violação compromete a integridade do processo.
A PF já colhe depoimentos e reúne documentos enviados por veículos de imprensa, incluindo mensagens, vídeos e comprovantes de transferência.
Mentoria de alto valor e promessa de “questões pré-testadas”
Além do envolvimento com o suposto vazamento, ele administra uma mentoria paga voltada para estudantes que buscam aprovação no Enem. A inscrição custa cerca de R$ 1.320 por aluno e inclui apostilas digitais.
Nas peças de divulgação, ele afirmava possuir “novas questões pré-testadas que podem cair no Enem”, o que agora levanta dúvidas sobre a origem do material e sua possível ligação com as perguntas do Prêmio Capes.
O que diz a defesa do universitário?
Até o momento, o estudante não foi localizado para comentar as novas acusações. Em posicionamento anterior, divulgado ao Diário do Nordeste, os advogados Vinícius Soares e Luís Enrico Gondim afirmaram que o cliente está “à disposição das autoridades” e que ainda não teve acesso formal ao inquérito.
A equipe jurídica sustenta que a apuração demonstrará “a inexistência de qualquer ato ilícito”, prometendo colaborar com as investigações para que, segundo afirmam, “a verdade dos fatos seja restabelecida”.
Conclusão
O caso segue em apuração pela Polícia Federal e pelo Inep, que ainda avaliam o impacto do possível vazamento sobre o Enem 2025. A expectativa é que as investigações avancem nas próximas semanas, especialmente diante dos indícios apresentados por estudantes, registros digitais e transmissões ao vivo.
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