Violência contra mulheres afeta 840 milhões em novo relatório da OMS

Levantamento global aponta que a violência física e sexual permanece em níveis alarmantes, com pouca redução nas últimas décadas.

Fonte: CenárioMT

Violência contra mulheres afeta 840 milhões em novo relatório da OMS
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cerca de 840 milhões de mulheres em todo o mundo já enfrentaram violência doméstica ou sexual ao longo da vida, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números mostram que a prevalência permanece praticamente inalterada desde o ano 2000.

Nos últimos 12 meses, 316 milhões de mulheres com 15 anos ou mais foram vítimas de agressões físicas ou sexuais cometidas pelo parceiro íntimo, indica o documento. A OMS ressalta que a redução no índice global tem ocorrido em ritmo extremamente lento, com queda anual estimada em apenas 0,2% nas últimas duas décadas.

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Pela primeira vez, o estudo apresenta estimativas por países e regiões sobre violência sexual praticada por agressores que não são parceiros. O fenômeno atinge 263 milhões de mulheres, número que, segundo especialistas, permanece subnotificado devido ao estigma e ao medo de denunciar.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou o cenário como uma das injustiças mais persistentes da humanidade e afirmou que nenhuma sociedade pode ser considerada justa ou segura enquanto metade da população vive sob ameaça.

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“Por trás de cada estatística há uma vida transformada para sempre. Empoderar mulheres e meninas é essencial para construir sociedades mais seguras e saudáveis”, destacou Tedros.

Riscos

A OMS alerta que sobreviventes de violência enfrentam gestações indesejadas, maior exposição a infecções sexualmente transmissíveis e quadros de depressão. A entidade destaca que os serviços de saúde sexual e reprodutiva desempenham papel fundamental para garantir atendimento adequado.

O relatório aponta ainda que a violência começa cedo e persiste ao longo da vida. Nos últimos 12 meses, 12,5 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos sofreram agressões físicas ou sexuais praticadas pelo parceiro, o equivalente a 16% dessa faixa etária.

A distribuição da violência não é uniforme. Mulheres em países menos desenvolvidos, regiões afetadas por conflitos e áreas vulneráveis às mudanças climáticas enfrentam risco maior. A Oceania, excluindo Austrália e Nova Zelândia, registrou prevalência anual de 38% de violência por parceiro — mais de três vezes a média global de 11%.

Apelo à ação

Embora mais países estejam coletando dados para embasar políticas públicas, a OMS identifica lacunas importantes, especialmente no monitoramento da violência sexual praticada por pessoas que não são parceiros íntimos e na proteção de grupos marginalizados, como mulheres indígenas, migrantes e com deficiência.

Para avançar no enfrentamento global, o relatório defende ações governamentais e investimentos estratégicos para:

  • Ampliar programas de prevenção baseados em evidências;
  • Fortalecer serviços de saúde, justiça e assistência social centrados nas sobreviventes;
  • Investir em sistemas de dados que permitam monitorar o avanço e alcançar populações mais vulneráveis;
  • Garantir a aplicação de leis e políticas voltadas ao empoderamento feminino.
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