A inadimplência no país segue em ritmo preocupante. Em outubro de 2025, 84,48% das negativações registradas envolveram pessoas que já haviam sido inscritas em cadastros de devedores nos últimos 12 meses, segundo levantamento da CNDL e do SPC Brasil. O dado mostra que a maior parte das pessoas que volta a dever não chegou a regularizar completamente suas pendências ou retorna rapidamente à situação de restrição.
Entre os reincidentes do mês, 63,70% ainda não haviam quitado dívidas anteriores e foram negativados novamente. Outros 20,78% tinham deixado o cadastro nos últimos 12 meses, mas voltaram a ficar inadimplentes. Apenas 15,52% dos consumidores negativados em outubro não tiveram restrições no CPF ao longo do último ano.
O estudo aponta ainda que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida e o de novas pendências é de 76,5 dias — pouco mais de dois meses e meio. Segundo os analistas, isso indica dificuldade crescente dos consumidores em manter o orçamento em dia.
Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, houve alta de 7,43% no número de devedores reincidentes, na comparação com o período anterior. Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o cenário reforça a vulnerabilidade financeira da população.
“O consumidor tenta sair da restrição, mas enfrenta juros altos e pouca margem no orçamento. O resultado é um ciclo vicioso que exige medidas amplas, como educação financeira e crédito mais acessível”, avalia.
Perfil dos reincidentes
A faixa etária mais representativa é a de 30 a 39 anos, com 25,40% dos casos. A distribuição por sexo permanece equilibrada: 54,30% mulheres e 45,70% homens.
Recuperação de crédito recua 7,62%
Enquanto a reincidência sobe, o número de brasileiros que conseguem limpar o nome diminui. O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas registrou queda de 7,62% nos 12 meses encerrados em outubro, na comparação com o ano anterior.
A retração foi puxada principalmente pelos consumidores que levaram entre 4 e 5 anos para quitar dívidas atrasadas — grupo que apresentou queda de 22,90% na recuperação.
Entre os consumidores que conseguiram regularizar suas pendências em outubro, a maior participação foi de pessoas entre 50 e 64 anos (23,97%). A distribuição por sexo também permanece próxima: 51,44% mulheres e 48,56% homens.
O valor médio pago por consumidor recuperado foi de R$ 2.208,16, considerando todas as dívidas quitadas. A maioria, porém, liquidou valores menores: 62,09% pagaram até R$ 500.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, o momento exige estratégia e planejamento. “O 13º salário deve ser usado como ferramenta de reorganização financeira, não como dinheiro extra para consumo. Priorizar o pagamento de dívidas neste período é essencial para quebrar o ciclo da inadimplência e reduzir o impacto dos juros”, orienta.
Com quase 43,30% da população adulta em situação de inadimplência, segundo o SPC Brasil, o país segue diante de um dos maiores desafios financeiros dos últimos anos: evitar que o ciclo da dívida se torne permanente na vida das famílias.


















