O setor lácteo brasileiro enfrenta um fim de ano marcado por queda nos preços, aumento das importações e custos em retomada. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que, em setembro, o valor do leite cru pago ao produtor caiu 4,2% em relação a agosto, levando a “Média Brasil” para R$ 2,4410 por litro. Em termos reais, a baixa chega a 19% frente a setembro de 2024, considerando o IPCA de setembro deste ano.
Essa é a sexta retração seguida nas cotações recebidas no campo. Segundo o Cepea, o cenário deve permanecer até dezembro, já que o mercado interno segue bem abastecido e sem pressão de demanda capaz de reverter o movimento de desvalorização.
Derivados lácteos também recuam
A pressão negativa se estende a toda a cadeia. Os preços de queijos, leite UHT e demais derivados encerraram outubro em queda, atingindo os menores níveis de 2025, conforme o acompanhamento do Cepea realizado com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A maior oferta interna e o ritmo forte das importações contribuem para esse ambiente de baixa.
Importações avançam e ampliam déficit da balança
As compras externas de lácteos subiram 8,4% de setembro para outubro, alcançando 214,73 milhões de litros em equivalente leite (Eql). No sentido oposto, as exportações caíram 23,2%, somando apenas 4,55 milhões de litros Eql.
Com isso, o déficit da balança comercial do setor aumentou 9,4%, chegando a 210,18 milhões de litros Eql. Em valores financeiros, o rombo cresceu 5,3%, totalizando US$ 90,72 milhões — reflexo direto da forte dependência do produto importado diante de preços internos ainda elevados para a indústria.
Custos sobem novamente após três meses de alívio
O levantamento também mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) voltou a subir após três meses de quedas consecutivas. Entre setembro e outubro, o avanço foi de 0,52%, impulsionado sobretudo pela valorização de defensivos agrícolas. Ainda assim, o comportamento dos custos varia entre os estados acompanhados pelo Cepea: houve alta em Minas Gerais, Paraná e São Paulo, enquanto Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina registraram redução.
Com preços menores no campo, derivados desvalorizados, custos retomando e importações ainda em aceleração, o setor chega à reta final de 2025 pressionado por desafios tanto na produção quanto no mercado.














