Ação coordenada bloqueia plataformas populares, apreende TV Boxes ilegais e expõe estrutura milionária de pirataria digital
Uma operação de alcance internacional provocou uma das maiores ofensivas contra o mercado ilegal de IPTV já registradas no Brasil. Serviços de streaming pirata usados por milhões de brasileiros foram desligados após decisão judicial na Argentina, e a repercussão imediata no país levou à deflagração da Operação PRAEDO, conduzida pela Polícia Federal (PF) em conjunto com equipes de fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A ação desarticulou um esquema milionário de importação, distribuição e venda de TV Boxes irregulares, conhecidos popularmente como “Gatonet”.
As ofensivas ocorreram simultaneamente em três cidades estratégicas. No total, 38 policiais federais cumpriram 12 mandados de busca e apreensão: oito em Curitiba (PR), três em Foz do Iguaçu (PR) e um em Brasília (DF). O Judiciário autorizou ainda o bloqueio de até R$ 33 milhões, além do sequestro de imóveis, veículos e domínios usados na venda dos aparelhos irregulares. A dimensão da operação confirma o avanço do combate à pirataria digital — tema que ganha importância crescente nas discussões sobre tecnologia e segurança da informação, frequentemente abordadas em pautas como as de tecnologia.
Rede criminosa operava com logística transnacional e empresas de fachada
As investigações começaram após a denúncia de uma entidade do setor de telecomunicações, que identificou a venda massiva de aparelhos destinados à captação ilegal de conteúdo. A PF apurou que um casal em Curitiba administrava um site especializado na comercialização dos dispositivos, enquanto empresas de fachada eram usadas para disfarçar movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada.
O aprofundamento da apuração revelou a participação de outro casal e de familiares, todos envolvidos na importação clandestina dos produtos a partir da fronteira com o Paraguai. Os equipamentos atravessavam Foz do Iguaçu sem recolhimento de impostos e sem homologação da Anatel — condição que caracteriza crime de contrabando e risco real à integridade das redes de telecomunicações.
O grupo mantinha uma divisão clara de tarefas: fornecedores internacionais, operadores logísticos, intermediários financeiros e comerciantes digitais. Apenas um dos núcleos investigados apresentou evolução patrimonial suspeita superior a R$ 5 milhões, incluindo imóveis e veículos adquiridos com recursos provenientes das atividades ilícitas.
Derrubada de serviços populares no Brasil causa impacto imediato
Paralelamente à ofensiva no território nacional, autoridades argentinas determinaram o desligamento de servidores usados por aplicativos de IPTV pirata. Entre as plataformas derrubadas estão My Family Cinema, Eppi Cinema, TV Express, Red Play, Cinefly, Blue TV, Weiv TV, PLUSTV, MegaTV+ e sistemas associados a marcas como BTV e Duosat.
Os serviços, amplamente disseminados em grupos de redes sociais e fóruns digitais, perderam acesso instantaneamente, deixando usuários sem suporte e sem reembolso. Em comunicado oficial, o My Family Cinema confirmou o encerramento definitivo das operações por motivos relacionados a direitos autorais.
A Anatel reforçou que não participou da operação estrangeira, mas confirmou que diversos desses servidores abasteciam plataformas ilegais consumidas no Brasil e que o bloqueio tem impacto direto sobre o funcionamento dos aparelhos. A derrubada tende a abrir caminho para novas operações coordenadas ao longo dos próximos meses.
Anatel alerta para riscos e intensifica apreensões
No Brasil, fiscais da agência apreenderam 140 aparelhos de TV Box durante as ações, modelos avaliados em conjunto em cerca de R$ 125 mil. Entre os itens estavam unidades UniTv, Red Pro3, BTV, Platinum e Pulse. A Anatel reforça que equipamentos não homologados podem provocar superaquecimento, explosões, falhas elétricas e exposição a ataques cibernéticos — riscos que têm sido alvo de campanhas de conscientização.
Entre 2018 e maio de 2025, a agência apreendeu 1,5 milhão de TV Boxes ilegais e bloqueou mais de 24,7 mil endereços de IP e 4,4 mil domínios relacionados à pirataria. O avanço na fiscalização acompanha debates sobre cidadania digital e segurança da informação, frequentemente presentes na editoria de cidadania.
Investigação continua e novas derrubadas são esperadas
A PF segue mapeando novos envolvidos e analisando movimentações financeiras para ampliar o alcance da operação. Especialistas consultados pelas autoridades acreditam que novas plataformas podem ser derrubadas nas próximas semanas, devido ao avanço da ofensiva internacional contra serviços ilegais de IPTV na América Latina.
A Operação PRAEDO se consolida como um marco no enfrentamento à pirataria digital no país. A combinação de ações nacionais e decisões judiciais internacionais evidencia um cerco crescente a servidores, aplicativos e redes clandestinas de transmissão audiovisual. Para os consumidores, o alerta permanece: equipamentos não homologados representam riscos reais e podem resultar em prejuízos financeiros e responsabilização criminal.
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