A Polícia Federal (PF) identificou dois suspeitos envolvidos em um ataque armado contra indígenas Guarani Kaiowá em Iguatemi, Mato Grosso do Sul, a cerca de 394 km de Campo Grande. O incidente resultou na morte de um indígena de 36 anos.
Um dos suspeitos foi reconhecido por um dos quatro indígenas feridos, que receberam tiros ou balas de borracha, e foi preso em flagrante. Segundo a PF, ele é paraguaio, se declara indígena e morava na ocupação Pyelito Kue, alvo do ataque ocorrido na madrugada de domingo (16).
A PF não divulgou os nomes dos suspeitos nem confirmou se o segundo foi detido. As investigações começaram após equipes da PF e do Instituto de Criminalística recolherem duas espingardas calibre 12 e materiais biológicos encontrados no local, que serão periciados.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerca de 20 homens armados atacaram os indígenas na Terra Indígena Iguatemipeguá I. O ataque aconteceu por volta das 4h, surpreendendo a comunidade, incluindo crianças e mulheres.
Vicente Fernandes Vilhalva, 36 anos, foi atingido na cabeça e morreu no local. Testemunhas relataram que os agressores tentaram levar seu corpo, mas foram impedidos por outros indígenas. Outros quatro Guarani Kaiowá ficaram feridos, entre eles dois adolescentes e uma mulher.
As autoridades investigam se a morte de um vigilante, funcionário de empresa de segurança privada, tem ligação com o ataque. A empresa informou que o funcionário morreu em outras circunstâncias durante uma operação de escolta armada.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) pediu investigação rigorosa e medidas de proteção aos indígenas e seus territórios, destacando que os ataques se inserem em um contexto de retomada de áreas reivindicadas como territórios tradicionais. A Funai ainda apontou que a intensificação das retomadas busca frear os impactos de agrotóxicos na região.
A área de Pyelito Kue integra a Terra Indígena Iguatemipeguá I, sobreposta à Fazenda Cachoeira, e foi retomada pelos indígenas em 3 de novembro, após cerca de 40 anos aguardando a conclusão do processo demarcatório.

















