Negociações da COP30 avançam em clima de urgência sobre combustíveis fósseis

A primeira semana da COP30, em Belém, encerra com expectativas sobre consensos em financiamento climático, adaptação e metas de redução de emissões.

Fonte: CenárioMT

Negociações da COP30 avançam em clima de urgência sobre combustíveis fósseis
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) chegou ao fim de sua primeira semana em Belém com atenção crescente sobre os avanços nas negociações. Representantes de 194 países buscam acordos em temas críticos como financiamento climático, adaptação e implementação das metas de redução de gases de efeito estufa.

Grupos negociadores devem concluir os textos até sábado (15), que posteriormente serão avaliados por ministros de primeiro escalão para possíveis acordos finais.

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Entre os temas pendentes está o artigo 9.1 do Acordo de Paris, que obriga países desenvolvidos a financiar iniciativas em nações em desenvolvimento. O valor definido na COP29 foi de US$ 300 bilhões anuais, considerado insuficiente. A proposta de mobilizar até US$ 1,3 trilhão por ano ainda não garante avanço nesta edição da conferência.

Outro ponto em debate é o relatório síntese das Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs), cujas metas de mitigação de emissões ainda são consideradas modestas. Cientistas alertam que seria necessário reduzir 5% ao ano as emissões, enquanto projeções atuais indicam um crescimento de 1% em 2025, colocando em risco o limite de aumento da temperatura global de 1,5ºC.

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“A lacuna não pode continuar. É preciso seguir a ciência e reduzir 5% das emissões já no próximo ano”, afirmou Johan Rockström, do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático.

Rockström e outros oito cientistas, incluindo o climatologista brasileiro Carlos Nobre, divulgaram carta alertando negociadores e sociedade civil sobre a urgência de ações e transição energética, considerando que combustíveis fósseis respondem por 75% do aquecimento global.

“Eventos extremos se tornarão mais frequentes e intensos, afetando múltiplas regiões simultaneamente. Nossas crianças enfrentarão ondas de calor muito mais severas”, destacou Ricarda Winkelmann, do Instituto Max Planck de Geoantropologia.

Evolução das negociações

Organizações da sociedade civil identificam sinais positivos na redução de combustíveis fósseis. Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, afirmou que surgiu uma coalizão política para orientar a transição energética. Mauricio Voivodic, do WWF-Brasil, ressaltou a necessidade de transformar esse impulso em decisões concretas.

André Guimarães, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), destacou a importância de avançar no tema dos fósseis, apesar de divergências com países como Arábia Saudita. Pelo menos 23 países já aderiram ao compromisso informal de abandono gradual desses combustíveis.

Adaptação sob suspense

A Meta Global de Adaptação (GGA) permanece em impasse. Estabelecida pelo Acordo de Paris, a GGA visa fortalecer a resiliência e capacidade de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. As negociações buscam consenso sobre 100 indicadores globais, mas o Grupo Africano propõe estender a discussão até 2027, gerando preocupação sobre atrasos na definição das metas.

“A adoção formal dos indicadores não pode esperar, senão ações e investimentos essenciais serão desacelerados”, afirmou Natalie Unterstell.

Florence Laloë, da Conservação Internacional, alertou que atrasos podem comprometer financiamento vital para soluções baseadas na natureza, impactando diretamente países vulneráveis e o equilíbrio ambiental global.

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