Na COP30, em Belém, o Sistema Federação Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Sistema Famato), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar MT), anunciou nesta quarta-feira, 12, Dia do Pantanal, investimento de R$ 16 milhões até 2030 para expandir a adoção da Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS). A meta é atender 160 propriedades e alcançar 1 milhão de hectares com assistência técnica e gestão.
O anúncio ocorreu na Arena da Agrizone, espaço organizado pela Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Somando aportes de parceiros, o programa prevê mais de R$ 20 milhões até 2030.
Pelo plano, o Senar MT executará a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) e mobilizará produtores para adesão voluntária à FPS. Famato, Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e Agrihub atuarão na articulação com o mercado para valorizar a carne pantaneira certificada.
Os recursos vão formar técnicos, consultores e produtores, fortalecer a extensão rural e estruturar sistemas de monitoramento socioambiental nas fazendas participantes. A rede busca dar capilaridade e consistência técnica ao programa no Pantanal mato-grossense.
“A ideia é colocar a FPS na rotina das fazendas. Com a ATeG, equipes qualificadas apoiam a gestão, medem avanços e ajustam o rumo quando necessário”, afirma o superintendente do Senar MT, Marcelo Lupatini.
A FPS é uma plataforma que acompanha indicadores ambientais, socioculturais, produtivos e de bem-estar animal, com protocolo baseado em critérios científicos. O sistema é o resultado de mais de 20 anos de pesquisa da Embrapa Pantanal e integra boas práticas agropecuárias e tecnologias desenvolvidas em cinco décadas de atuação da instituição na região.
“O projeto une pesquisa, extensão, produtores e parceiros. Mostra que é possível alinhar produção, inclusão social e sustentabilidade, em sintonia com os ODS e princípios de ESG (ambiental, social e governança)”, diz a chefe-geral da Embrapa Pantanal, Suzana Salis.
Expansão em curso
Após piloto com 15 propriedades em Mato Grosso, a FPS entra em nova fase em 2025 com 80 novas fazendas em seis municípios pantaneiros, somando cerca de 400 mil hectares. Em quatro anos, os resultados incluem melhora de índices zootécnicos, com destaque para a taxa de prenhez.
“Em cinco anos de piloto, a idade ao primeiro parto caiu de 34 para 28 meses e a taxa de prenhez subiu de 41% para 70,9%”, afirma o presidente do Sistema Famato, Vilmondes Tomain.
Desde fevereiro, o programa também avança no Mato Grosso do Sul, com oito fazendas que somam cerca de 110 mil hectares, em ação articulada pela Coalizão Pontes Pantaneiras, que reúne Embrapa Pantanal, IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), Smithsonian Institution, The Pew Charitable Trusts e UCL (University College London).
O plano projeta chegar a 2 milhões de hectares do bioma até 2030. Para isso, o anúncio feito na COP30 prevê um esforço conjunto e coordenado entre instituições públicas e privadas.
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso (Seciteci MT) apoiará pesquisas com aproximadamente R$ 3,5 milhões. Os recursos serão destinados à Base Ativa de Germoplasma (BAG) de pastagens nativas, etapa chave para melhoramento genético e manejo sustentável, e ao manejo do cambará, inserindo novas boas práticas na FPS.

“O Projeto é um instrumento que reafirma o compromisso de Mato Grosso com o desenvolvimento do Pantanal e com quem vive e produz nele. O projeto garante mais autonomia ao produtor, gera renda e mantém viva a cultura pantaneira. É assim que asseguramos que o Pantanal continue sendo o bioma mais preservado do Brasil, afirma Cesar Miranda, secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso.
O programa fortalece o modo de produção tradicional do Pantanal ao integrar pecuária e conservação. Ao estimular a manutenção de pastagens nativas, a regulação dos regimes hídricos e o controle de incêndios, contribui para mitigar efeitos das mudanças do clima e preservar serviços ecossistêmicos do bioma, sem abdicar da produtividade.















