A vitamina B3, também conhecida como niacina, pode retardar a deterioração da memória e das habilidades cognitivas, segundo um novo estudo publicado na prestigiada revista Science Translational Medicine. Os cientistas afirmam que os resultados abrem novas perspectivas para o tratamento e prevenção da doença de Alzheimer.
Uma vitamina que afeta diretamente o cérebro
Até pouco tempo, a niacina era mais conhecida por seu papel no suporte à saúde do sistema nervoso e digestivo. No entanto, novas pesquisas indicam que essa vitamina também ativa mecanismos imunológicos de proteção cerebral, ajudando o organismo a combater placas tóxicas — uma das principais causas dos distúrbios cognitivos progressivos.
De acordo com o estudo, a vitamina B3 desencadeia reações protetoras a nível celular, capazes de retardar a destruição das conexões neurais e preservar a função cognitiva em estágios iniciais da demência.
Como a niacina atua no cérebro
Os pesquisadores descobriram que a vitamina B3 interage com o receptor HCAR2, localizado em células imunológicas que atuam no entorno das placas amiloides. Essas estruturas de proteínas tendem a se acumular no cérebro de pessoas com Alzheimer, interrompendo a comunicação entre neurônios e provocando perda de memória, confusão mental e desorientação.
Quando o receptor HCAR2 é ativado pela niacina, o sistema imunológico é estimulado a limpar o cérebro de proteínas nocivas. Em experimentos conduzidos com modelos animais da doença de Alzheimer, a suplementação com vitamina B3 reduziu a quantidade de placas amiloides e melhorou as funções cognitivas.
“Provamos que é a interação da vitamina com o receptor HCAR2 que leva a mudanças positivas no cérebro”, afirmou o Dr. Gary Landreth, um dos autores do estudo, em entrevista ao portal Express.
Dose diária e fontes de vitamina B3
Para obter os benefícios da niacina, os cientistas destacam que basta manter uma dieta equilibrada. Essa vitamina está presente naturalmente em diversos alimentos e também pode ser encontrada em suplementos e medicamentos destinados a reduzir o colesterol.
A deficiência de vitamina B3 causa a doença de pellagra, caracterizada por dermatite, diarreia, fraqueza e perda de memória. Em casos de carência acentuada, é comum o aparecimento de erupções cutâneas pigmentadas após a exposição ao sol.
Principais fontes alimentares de niacina
- Tomates vermelhos (ricos em ácido nicotínico, até 42,8 ng/g);
- Pimentas, batatas e berinjelas;
- Leguminosas como feijão e ervilha;
- Nozes e castanhas;
- Frutas tropicais, como manga e abacaxi.
De acordo com dados do Rospotrebnadzor, o consumo regular desses alimentos ajuda a manter o bom funcionamento do sistema nervoso e protege o cérebro contra as mudanças relacionadas à idade.
Benefícios além da memória
Além dos efeitos positivos na cognição, a niacina também auxilia na regulação do metabolismo energético, melhora a circulação sanguínea e participa da síntese de enzimas essenciais para o corpo. Estudos paralelos sugerem que ela pode contribuir para a redução do colesterol LDL e para a melhora da saúde cardiovascular.
Orientações médicas
Especialistas alertam que, embora o uso da vitamina B3 seja seguro em doses moderadas, a suplementação deve ser feita com orientação médica. Doses excessivas podem causar efeitos colaterais como vermelhidão na pele, náusea e desconforto abdominal.
Os pesquisadores reforçam que, apesar dos resultados animadores, a niacina não é uma cura para o Alzheimer — mas sim uma possível aliada no controle de sua progressão. Ensaios clínicos em humanos ainda estão em andamento para determinar a dosagem ideal e a eficácia de longo prazo.


















