A menos de três meses do início das primeiras exigências práticas da reforma tributária, a maioria das empresas brasileiras de médio e grande porte ainda não está preparada para ajustar seus processos internos. Segundo levantamento da empresa de tecnologia V360, 72% das companhias não concluíram a adaptação necessária para o novo sistema de recolhimento e declaração de tributos.
O estudo ouviu 355 empresas dos setores de varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia, sendo 68,2% situadas na Região Sudeste. De acordo com os dados, 33,2% das organizações ainda não discutiram o tema internamente, 38,6% iniciaram apenas uma análise preliminar e somente 28,1% disseram ter um plano estruturado de adequação.
A reforma, aprovada em 2023 e regulamentada este ano, unifica tributos sobre consumo e cria duas novas cobranças: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), administrado por estados e municípios, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), sob responsabilidade federal. A primeira etapa de transição começa em janeiro, quando as mudanças passam a ser aplicadas gradualmente até 2033.
Dificuldades operacionais
O relatório destaca que a adaptação do processo de recebimento e conferência de notas fiscais é um dos principais desafios, já que os documentos passarão a contar com cerca de 200 novos campos. Empresas que não ajustarem seus sistemas podem enfrentar bloqueios de faturamento e dificuldades para manter pagamentos a fornecedores, afetando o fluxo de caixa.
Além disso, a adoção das duplicatas escriturais, registro digital que comprova operações comerciais, ainda avança lentamente. Segundo o estudo, 32,7% das empresas não iniciaram essa implementação, 55,8% estão em fase de transição e apenas 11,5% já automatizaram o processo.
O levantamento mostra ainda que 67% das companhias não utilizam ferramentas específicas para validação eletrônica de documentos fiscais, aumentando o risco de inconsistências e atrasos.
De acordo com a análise, a ausência de planejamento orçamentário para a reforma em 2025 pode pressionar a demanda por consultorias e sistemas de automação nos próximos meses.



















