Um clique rápido, uma promoção irresistível e, em segundos, o carrinho está cheio. Essa cena tem se tornado comum entre os consumidores brasileiros, que cada vez mais recorrem às compras online para satisfazer desejos imediatos. Segundo uma nova pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em parceria com a Offerwise, 62% dos consumidores admitem realizar compras não planejadas pela internet — um hábito que, embora traga prazer momentâneo, acaba pesando no bolso.
O levantamento revela que quatro em cada dez consumidores (40%) já gastaram mais do que podiam devido a compras impulsivas, e 35% chegaram a contrair dívidas ou atrasar contas essenciais, como cartão de crédito e serviços domésticos. O dado expõe o contraste entre o desejo de consumir e o desafio de manter o controle financeiro em meio às tentações digitais.
Promoções e frete grátis: os grandes gatilhos do consumo online
As ofertas e a praticidade são os principais estímulos que impulsionam o consumo não planejado. Entre os entrevistados, 54% afirmaram ceder às promoções, 45% são atraídos pelo frete grátis e 25% não resistem a lançamentos de novos produtos. Descontos por tempo limitado (22%) e avaliações positivas de outros consumidores (19%) também exercem forte influência.
As categorias mais suscetíveis às compras por impulso refletem o comportamento cotidiano dos brasileiros: roupas, calçados e acessórios lideram o ranking (44%), seguidos por cosméticos e perfumes (32%), comidas e bebidas por delivery (28%) e itens de casa, como decoração e cama, mesa e banho (27%).
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, os resultados evidenciam uma mudança no comportamento de consumo digital, marcada pela facilidade de acesso e pelos gatilhos de urgência criados pelas plataformas. “Mesmo com a consciência da necessidade de um consumo equilibrado, muitos brasileiros acabam gastando mais do que podem e, pior, se endividando no cartão de crédito – o que pode rapidamente se tornar uma bola de neve”, alerta.
Entre a satisfação e o arrependimento
As emoções envolvidas nas compras online também ajudam a explicar esse comportamento. A pesquisa mostra que 28% dos consumidores sentem satisfação ou felicidade logo após a compra, e 14% relatam bem-estar. No entanto, os sentimentos negativos logo aparecem: 19% dizem se sentir indiferentes, 15% se arrependem e outros 15% sentem medo de não conseguir pagar as dívidas.
Quase metade dos entrevistados (49%) reconhece os gatilhos emocionais que os levam a comprar, sendo os principais a vontade de celebrar um momento de felicidade (18%), o desejo de se recompensar (14%) e a busca por prazer ou pertencimento (13%). Ainda assim, sete em cada dez consumidores (72%) afirmam já ter tentado reduzir as compras impulsivas pela internet — e a boa notícia é que mais da metade (57%) conseguiu.
Consumo consciente: o desafio da era digital
A pesquisa reforça que o ambiente online, embora repleto de oportunidades, também exige disciplina e autoconhecimento. O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, chama atenção para períodos de grande volume de promoções, como a Black Friday, quando o risco de consumo por impulso é ainda maior. “A Black Friday é um momento de oportunidades, mas também de armadilhas. O consumidor precisa resistir às ofertas que comprometem o futuro financeiro e manter o foco em evitar o endividamento. A prioridade deve ser preservar o orçamento e garantir o equilíbrio nas finanças pessoais”, orienta.
Para quem busca mais controle, especialistas recomendam práticas simples: planejar as compras com antecedência, comparar preços antes de decidir, evitar salvar dados de cartão de crédito nos sites e, sempre que possível, esperar 24 horas antes de confirmar uma compra por impulso. Pequenas atitudes que podem fazer grande diferença no final do mês.
