A operação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, contra o Comando Vermelho, resultou na morte de 121 pessoas, entre elas dois policiais civis, dois militares e pelo menos oito jovens com menos de 20 anos. Entre os mortos estavam um adolescente de 14 anos e outro de 17, cujas identidades foram divulgadas em lista oficial da Polícia Civil, acompanhada de anotações e registros usados como indícios de envolvimento com o tráfico.
O menino de 14 anos era morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo o pai, que deixou o trabalho para procurá-lo na capital, o jovem havia ido a bailes nas comunidades no dia da operação e não retornou. O corpo foi reconhecido por moradores, que afirmaram que ele foi morto em uma área de mata onde ocorreram confrontos com o Bope.
A família do adolescente de 17 anos não foi localizada, mas o avô relatou que tentou se despedir do neto entre os corpos enfileirados. Ele afirmou que criou o jovem como filho, mas não conseguiu afastá-lo da criminalidade. Disse ainda ter sofrido problemas de saúde devido à preocupação constante.
A lista divulgada pela Polícia Civil indica que um em cada três mortos tinha até 25 anos. Oito vítimas não haviam completado 20, e mais da metade tinha 30 anos ou menos. A mais velha faria 55 anos em 2025. A polícia também registrou supostas provas de vínculo com o tráfico, incluindo publicações nas redes sociais.
Ao comentar a divulgação, o secretário de Polícia Civil do Rio afirmou que a ausência de registros criminais ou imagens portando armas não alteraria o entendimento das autoridades sobre o contexto dos confrontos, classificando os mortos como integrantes do crime organizado.
Para ativistas de direitos humanos, como a fundadora do Movimento Moleque, Mônica Cunha, a alta presença de jovens entre os mortos reflete uma lógica de exclusão. Ela aponta que a falta de políticas públicas voltadas à população das periferias contribui para que adolescentes encontrem no crime um sentido de pertencimento.
Segundo Cunha, a ausência de oportunidades e investimentos em educação, cultura e assistência social fortalece o avanço de facções sobre comunidades vulneráveis. A ativista considera que a violência policial e a morte desses jovens representam não apenas perdas individuais, mas o apagamento de futuros possíveis. “Estamos perdendo o nosso futuro enquanto humanidade”, afirmou.

















