O documentário Rejeito, do diretor Pedro de Filippi, estreou recentemente nos cinemas brasileiros após quatro anos de gravações em comunidades de Minas Gerais marcadas pela intensa atividade mineradora. A produção acompanha o cotidiano de moradores de cidades como Socorro e Barão de Cocais e destaca como o medo de novos desastres ambientais se converte em mecanismo para deslocar populações inteiras.
O filme mostra relatos de moradores que vivem sob o risco constante de rompimento de barragens, situação que, segundo lideranças comunitárias, é usada como forma de pressão para que famílias deixem seus territórios. O termo “terrorismo de barragens” é utilizado para descrever a estratégia de provocar insegurança e facilitar a expansão da mineração.
A ambientalista Maria Tereza Corujo, conhecida como Teca, participa da investigação exibida no documentário. Segundo ela, empresas do setor influenciam decisões públicas, interferem na organização social e promovem divisões internas nas comunidades, incentivando acordos individuais e realocação de famílias para áreas distantes.
Filippi afirma que a tensão gerada pelo risco iminente funciona como justificativa para ampliar projetos minerários em regiões que, sem o deslocamento de moradores, seriam de difícil exploração. O diretor já exibiu o filme inicialmente nas próprias localidades onde foi produzido e pretende levá-lo a outros municípios afetados pela mineração.
Rejeito estreou no circuito comercial na capital paulista, em período marcado pela lembrança do rompimento da barragem de Mariana, ocorrido há quase uma década. A obra já passou por festivais nacionais e internacionais ligados a temas ambientais.
Posicionamento da Vale
Procurada, a Vale afirmou que busca reduzir impactos de suas operações e mantém canais de diálogo com moradores das regiões onde atua. A empresa informou que prioriza a gestão de riscos e o respeito às especificidades socioculturais das comunidades, além de apoiar iniciativas culturais e programas de desenvolvimento local.

















