O retorno do período chuvoso em Sorriso traz preocupação tanto para os moradores quanto para a equipe técnica da secretaria municipal de saúde (semsa), que mais uma vez enfatiza o alerta sobre a necessidade de eliminação de criadouros do aedes aegypti. É fundamental lembrar que este mosquito é o vetor de arboviroses graves como dengue, chikungunya e zika vírus, cujos dados são monitorados rotineiramente pela pasta.
De acordo com o boletim quinzenal de arboviroses divulgado nesta data, 4 de novembro, o total de casos confirmados de chikungunya desde janeiro atinge 3.414. Os dados, atualizados pelo centro de informações estratégicas de vigilância em saúde (cievs) e inseridos no sistema sinan on-line, mostram que maio continua sendo o mês com a maior incidência da doença em sorriso, com 1.322 casos confirmados naquele período, muitos deles validados somente no início de setembro pelo laboratório central (lacen). Abril também apresentou um número elevado, com 668 confirmações. O relatório geral detalha a distribuição mensal: 60 casos em janeiro, 88 em fevereiro, 231 em março, 668 em abril, 1.322 em maio, 609 em junho, 325 em julho, 93 em agosto, 17 em setembro e apenas um em outubro.
Em relação à dengue, o boletim atualizado soma 210 confirmações. Houve 65 casos em janeiro (sendo um com sinais de alarme); 11 em fevereiro; 13 em março; 19 em abril; 64 em maio; 17 em junho; 17 em julho e 4 em agosto. Para zika, foram investigadas 25 situações, com apenas uma confirmação em setembro, sendo as outras 24 notificações descartadas.
Os bairros com maior número de registros de chikungunya são: vila bela (259), rota do sol (216), são josé i (160), nova aliança i (151), jardim amazônia (146) e novos campos (137). O antigo distrito de boa esperança, hoje município vizinho, contabiliza 377 registros – vale notar que no ministério da saúde, boa esperança ainda consta vinculado a sorriso. Quanto à dengue, rota do sol tem 16 casos e jardim amazônia, 13. O único caso de zika foi registrado no bairro união.
Apelo da vigilância: eliminar focos no início da chuva
Conforme a coordenadora de vigilância em saúde ambiental, claudete damasceno, este é o momento ideal para a população fazer uma vistoria geral em quintais e empresas. Ela aconselha que é necessário eliminar os criadouros agora, no início do período chuvoso, e manter essa vigilância de forma contínua. A coordenadora reforça o desejo de manter o quadro atual, sem picos de arboviroses e sem procura elevada nos postos.
O médico e secretário de saúde, vanio jordani, ressalta a importância de se ter em mente a fase crônica da chikungunya. Ele explica que, além da fase aguda, a doença pode levar o paciente a sentir dores intensas por um longo período, chegando a ultrapassar seis meses em alguns casos. Se houver suspeita de contrair qualquer uma das arboviroses, a recomendação é procurar uma unidade básica de saúde (ubs) para receber o atendimento clínico e a orientação correta.
Combate intensivo e resistência no campo
A melhor maneira de evitar as doenças é impedir o nascimento do mosquito, pois a água parada, limpa ou suja, é o local ideal para a disseminação de criadouros. As equipes da vigilância em saúde ambiental estão diariamente nas ruas realizando trabalho de instrução e alerta. No entanto, claudete damasceno relata que infelizmente alguns proprietários de comércios considerados pontos estratégicos não recebem os agentes, justamente por saberem que há armazenamento inadequado de materiais, propício à proliferação. Há também resistência em residências que não abrem as portas para o agente de combate a endemias (ace). A gestora enfatiza que a missão é cuidar, alertar e conscientizar, visando evitar notificações ou multas, mas a cooperação da população é essencial para o acompanhamento. Em cada visita, se houver criadouros, as larvas são coletadas, testadas e o foco eliminado, com comunicação aos responsáveis para monitoramento. Os principais problemas identificados atualmente são a água servida (oriunda de esgoto) e a sujeira nas bocas de lobo.
A orientação geral é que a população tire dez minutos semanais para checar o ambiente onde vive ou trabalha, evitando acúmulo de lixo que também atrai animais peçonhentos como cobras, ratos e escorpiões. É fundamental também seguir o calendário de coleta de resíduos sólidos para o descarte correto de móveis, eletrodomésticos e restos de jardim, prevenindo a formação de criadouros. Para quem identificar situações de risco ou descarte inadequado de água servida na rua, as denúncias podem ser feitas diretamente ao núcleo integrado de fiscalização (nif) pelo número (66) 99927-2611.
O combate ao aedes aegypti é uma responsabilidade compartilhada. Sua ação preventiva garante a saúde de toda a comunidade.


















