O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, destacou nesta terça-feira (4) que municípios brasileiros necessitam de recursos e apoio técnico para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Ele apontou que, muitas vezes, os fundos destinados acabam concentrados em grandes centros urbanos, deixando cidades menores sem os investimentos necessários.
“O dinheiro, se não chegar na ponta, esquece, não vai ter infraestrutura. E a gente vai continuar vendo cenas como a gente tem visto repetidamente no mundo”, afirmou Barbalho Filho.
O ministro citou como exemplos recentes enchentes no Rio Grande do Sul e seca na Amazônia, que impactaram severamente cidades e população.
Durante participação no Fórum de Líderes Locais da COP30, realizado no Rio de Janeiro, Barbalho Filho enfatizou que 80% das emissões globais vêm de cidades e que 82% da população brasileira vive em centros urbanos, tornando as cidades protagonistas na mitigação e adaptação climática.
Desafios técnicos
O ministro explicou que, embora investimentos significativos tenham sido feitos, como uma seleção de US$ 25 bilhões (R$ 135 bilhões) para obras de drenagem, mobilidade e contenção de encostas, falta capacidade técnica em muitos municípios para executar os projetos.
“Recursos acabam ficando apenas nos grandes municípios, que possuem técnicos e infraestrutura para viabilizar projetos. Isso não resolve o problema nacional”, afirmou.
Prefeitos, como Francineti Carvalho, de Abaetetuba (PA), reforçam que a ausência de engenheiros e técnicos nas cidades impede o acesso aos fundos e defendem flexibilização de exigências para garantir equidade na distribuição dos recursos.
Participação do setor privado
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destacou que a crise climática exige mobilização de capital privado para complementar recursos limitados de governos e apoiar projetos que tornem cidades resilientes a desastres naturais.
Carta das prefeituras
No mesmo fórum, mais de 100 prefeitos e prefeitas assinaram uma carta da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que será entregue na COP30, em Belém. O documento defende fortalecimento da participação municipal na agenda climática e solicita democratização das tecnologias, capacitação de gestores e envolvimento local na formulação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

















