O Brasil reduziu 16,7% das emissões brutas de gases do efeito estufa em 2024, totalizando 2,145 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e). O dado representa o maior recuo em 16 anos e foi divulgado pela rede Observatório do Clima na 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
O levantamento analisa cinco setores principais: mudança de uso da terra, agropecuária, energia, processos industriais e resíduos. Quando consideradas as emissões líquidas, que descontam a captura de carbono por florestas e áreas protegidas, a queda foi ainda maior, chegando a 22%.
Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, o resultado fortalece a posição do país na COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Ele destacou que poucos países do G20 chegarão ao evento com um desempenho de redução total semelhante ao do Brasil.
Entre os setores, a mudança de uso da terra foi responsável por 42% das emissões brutas, seguida pela agropecuária (29%), energia (20%), resíduos (5%) e processos industriais (4%). O desmatamento continua sendo o maior vilão, respondendo por 98% das emissões desse segmento.
A pesquisadora Bárbara Zimbres, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), explicou que o controle do desmatamento tem contribuído para a queda. A Amazônia registrou redução de 41% nas emissões, o Cerrado 20% e o Pantanal apresentou a maior queda proporcional, de 66%. Apenas o Pampa teve aumento, de 6%.
Os estados que mais reduziram emissões foram Rondônia (65%), Pará (44%) e Mato Grosso (44%). Já Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe registraram alta.
Considerando as emissões líquidas, o total nacional ficou em 1,49 GtCO2e. O setor de uso da terra teve queda de 64%, passando de 685 para 249 milhões de toneladas, e foi superado pela agropecuária, que agora responde por 42% das emissões líquidas.
As queimadas não entram no cálculo principal do SEEG, mas, segundo Zimbres, o país registrou aumento expressivo na área queimada em quase todos os biomas. Caso fossem contabilizadas, as emissões líquidas poderiam dobrar.


















