O programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) vem transformando a pecuária no Pantanal mato-grossense ao unir produção, conservação e bem-estar animal. A iniciativa, liderada pelo Sistema Famato e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), em parceria com a Embrapa Pantanal, foi destaque em audiência pública conjunta realizada nesta segunda-feira (20), pelas comissões de Meio Ambiente do Senado e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Durante o encontro, o analista de Pecuária da Famato, Marcos Carvalho, destacou que capacitar produtores e equipes é essencial para elevar a produtividade e a qualidade de vida no campo. Segundo ele, o FPS representa um modelo de sucesso que alia ciência, tecnologia e gestão rural a práticas sustentáveis, reforçando o papel do produtor rural na preservação do bioma pantaneiro.

Resultados expressivos e expansão do programa
Entre 2019 e 2023, o projeto-piloto foi implementado em 15 propriedades rurais do Pantanal. Nesse período, a idade ao primeiro parto caiu de 34 para 28 meses, enquanto a taxa de prenhez subiu de 41% para 70,92%, refletindo o impacto positivo do manejo técnico e da gestão sustentável.
Com o sucesso dos resultados, o FPS foi ampliado e atualmente conta com 72 novas propriedades participantes, somando cerca de 112 mil cabeças de gado e 247 mil hectares monitorados. Ao todo, mais de 300 mil hectares já foram impactados diretamente pela metodologia do programa, que prioriza indicadores de desempenho produtivo, ambiental e social.
Produtores como protagonistas da conservação
De acordo com Marcos Carvalho, a pecuária extensiva de baixo impacto tem papel histórico na conservação do Pantanal, uma atividade com mais de 300 anos de tradição na região. “Cerca de 95% do território pantaneiro está em propriedades privadas, responsáveis por conservar mais de 83% da vegetação nativa”, explicou o analista.
Dados da Embrapa Pantanal reforçam essa realidade: 93% do bioma está em áreas privadas e 84% da cobertura vegetal permanece conservada. Esses números mostram que o produtor rural é parte essencial da proteção do ecossistema pantaneiro.
“O verdadeiro inimigo do bioma não é o produtor, mas os incêndios florestais. Pecuaristas e forças de segurança atuam lado a lado na prevenção e no combate ao fogo”, afirmou Marcos. Ele ainda revelou que o programa será apresentado na COP30, que será realizada em Belém (PA), como exemplo de modelo de sustentabilidade rural reconhecido internacionalmente.
Tecnologia e indicadores científicos
O FPS conta com um software de avaliação de sustentabilidade que mede o desempenho ambiental, social e econômico das fazendas. A ferramenta utiliza 56 indicadores técnico-científicos e oferece diagnósticos personalizados, permitindo aos produtores desenvolverem planos de ação com metas de melhoria contínua.
“Nosso objetivo é fortalecer a resiliência produtiva e manter o Pantanal como vitrine de alto valor ambiental, econômico e cultural”, destacou Carvalho. Ele reforçou que os resultados do programa extrapolam os limites das propriedades e já embasam políticas públicas, como a Lei do Pantanal, que busca equilibrar produção e preservação.
Integração, ciência e futuro sustentável
Para o Sistema Famato, o sucesso do Fazenda Pantaneira Sustentável comprova que o equilíbrio entre produção e conservação é possível e vantajoso. “O Pantanal é uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade. Mostrar que é possível produzir com responsabilidade é o que garante um futuro sustentável para as próximas gerações”, afirmou o analista.

Com mais de 85 fazendas e 165 mil cabeças de gado integradas ao projeto, o FPS é hoje um dos principais exemplos de pecuária sustentável do Brasil. Sua metodologia fortalece a imagem de Mato Grosso como referência em agropecuária de baixo impacto e preservação ambiental.