Natália Nascimento, representante da Associação dos Moradores do Baixo Riozinho (Asmobri), relatou as dificuldades enfrentadas por ribeirinhos no Médio Rio Juruá, Amazonas. “Imagine você assinar um contrato que não entende e perder a sua terra por isso”, afirmou.
O assédio da população pelo mercado de carbono é uma realidade crescente, à medida que empresas buscam compensações para continuar emitindo gases poluentes. Esses acordos permitem que empresas preservem territórios e comprem créditos de carbono, mantendo o equilíbrio da emissão global, mas impactam diretamente a vida das comunidades locais.
Natália destaca que os contratos frequentemente superestimam as promessas das empresas e não garantem que os compromissos serão cumpridos. No caso da Asmobri, o Ministério Público Federal foi acionado, e a comunidade aguarda uma decisão judicial. “A maioria das pessoas que assinou o contrato não sabia o que estava assinando. Permaneceremos confiando na Justiça”, disse.
Conflitos do Clima
O caso foi apresentado durante o evento COP30 e os Conflitos do Clima, promovido pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O Baixo Riozinho ilustra como mudanças climáticas afetam áreas vulneráveis, tema que deve ser considerado nas negociações da COP30, marcada para novembro em Belém.
Excluídos das decisões
Alexandra Montgomery, diretora de Programas da Anistia Internacional Brasil, afirmou que populações vulneráveis são sistematicamente excluídas de espaços de decisão climática. “Estamos na mesma tempestade, mas nem todos estão no mesmo barco”, destacou. Segundo o IBGE, 8,1% da população brasileira vive em favelas e comunidades urbanas, totalizando 16,39 milhões de pessoas, sendo Belém a cidade com maior proporção dessas populações.
Impactos em Belém
Com a COP30 se aproximando, especialistas alertam para os impactos locais do evento na cidade de Belém. Guilherme Carvalho, educador popular da ONG Fase, ressaltou que a cidade se transforma em “cidade espetáculo” com aumento de preços, aluguéis e impactos socioambientais para a população.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a escolha de Belém como forma de mostrar a Amazônia ao mundo, afirmando que o evento será “a COP da verdade” e que obras de infraestrutura de quase R$ 6 bilhões beneficiarão a população local após a conferência.