A qualidade do produto nacional e a demanda dos EUA
Conforme a Abiec, a carne brasileira é reconhecida por ser mais magra e limpa, um diferencial crucial para o ‘blend’ industrial utilizado na fabricação de processados e hambúrgueres nos Estados Unidos. Este ‘blend’ combina a carne local, que tende a ser mais gordurosa, com os cortes brasileiros de melhor padrão, garantindo a qualidade que o consumidor americano exige.
Adicionalmente, o ciclo pecuário dos EUA está em seu ponto mais baixo em 75 anos, com um rebanho de 80 milhões de cabeças, consideravelmente abaixo dos 100 milhões em períodos normais. Diante dessa escassez interna, a importação de carne é essencial. O Brasil é o fornecedor global mais capacitado para atender essa necessidade com a combinação ideal de volume, regularidade e qualidade.
Do churrasco ao hambúrguer: O dilema da carne brasileira em meio a disputas bilionárias nos EUA
Enquanto produtores americanos pressionam pela suspensão total das importações, os importadores temem um risco no abastecimento de hambúrgueres. Uma nova disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou destaque em agosto de 2024….
Superando as barreiras tarifárias e o volume exportado
Até julho de 2025, o Brasil já havia exportado 200 mil toneladas de carne bovina para os EUA, volume que iguala o total exportado em todo o ano de 2024. Embora o setor tivesse a meta de dobrar esse volume até dezembro, a tarifa total de 76% tornou parte das negociações economicamente inviável.
Apesar disso, a Abiec confirmou que o Brasil manteve um ritmo de exportação constante, com um envio de 10 mil toneladas somente no último mês. Essa persistência demonstra a resiliência do setor e a capacidade produtiva do país, mesmo diante das dificuldades comerciais.
Segundo o executivo, as tarifas impactaram a competitividade do produto, mas não anularam o interesse dos norte-americanos. A razão é que a carne brasileira permanece crucial para a cadeia produtiva de alimentos dos Estados Unidos.
Estratégias de mercado e valorização do produto
Como reação às tarifas, o Brasil buscou alternativas, redirecionando parte de suas exportações para mercados em crescimento, como a Ásia e o Oriente Médio. Contudo, os Estados Unidos ainda representam o destino mais lucrativo para a indústria.
A Abiec informou que o valor do mesmo corte é significativamente maior no mercado norte-americano (US$ 7,5 mil por tonelada) em comparação com o preço negociado com a China (US$ 5,7 mil por tonelada). Essa disparidade reforça a relevância econômica do mercado dos EUA. Além disso, o Brasil fornece cortes nobres para a Itália, usados na produção de bresaola, e cortes dianteiros para a China, destinados à indústria de processamento.
Diálogo e futuras perspectivas
Perosa garantiu que a Abiec está em comunicação constante com autoridades e congressistas norte-americanos com o objetivo de encontrar uma solução mutuamente favorável. Ele expressou confiança em um entendimento diplomático e na expectativa de que as exportações possam ser gradualmente retomadas ainda em 2025.
O presidente da associação concluiu que o Brasil consolidou sua posição como um fornecedor de carne bovina estratégico globalmente, unindo sustentabilidade, capacidade produtiva e qualidade. Com a eventual revisão das tarifas, o país está pronto para reassumir a liderança no fornecimento para o mercado americano.