Um levantamento inédito conduzido pela presidência brasileira da COP30 revelou que 299 das 722 iniciativas climáticas lançadas desde a COP21, realizada há dez anos em Paris, foram descontinuadas ou encerradas. O estudo faz parte da nova Agenda de Ação, que busca reativar a participação de projetos, empresas e governos subnacionais na luta contra as mudanças climáticas.
De acordo com Bruna Cerqueira, coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, a proposta é trazer transparência e mensurar resultados concretos. “Sempre soubemos que muitas dessas iniciativas estavam paradas, mas agora conseguimos tangibilizar isso”, afirmou.
O balanço foi divulgado nesta terça-feira (14), em Brasília, durante as reuniões da Pré-COP — evento preparatório para a conferência que será sediada em Belém, no próximo mês. Embora não haja acordos formais nesse encontro, o objetivo é alinhar entendimentos prévios para as negociações da primeira COP realizada na Amazônia.
Com foco em acelerar a implementação do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C, o governo brasileiro organizou grupos de trabalho baseados nos 30 objetivos-chave da Agenda de Ação. Esses grupos reúnem representantes de antigas iniciativas para construir um panorama atualizado das soluções climáticas em curso.
O levantamento também se apoia no Balanço Global, ferramenta que avalia a cada cinco anos o progresso das metas climáticas e orienta novas estratégias de ação internacional. Segundo o relatório, houve um aumento de quatro vezes no número de projetos que enviaram atualizações à plataforma oficial de transparência da ONU, a Nazca, criada para registrar ações de atores não governamentais.
Bruna Cerqueira explicou que 137 iniciativas apresentaram relatórios atualizados, incluindo indicadores quantitativos. “Pedimos que nos enviassem casos práticos de soluções bem-sucedidas em diferentes regiões, formando um verdadeiro celeiro de ideias”, destacou.
O empresário Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP30, afirmou que o novo modelo proposto pelo Brasil permitirá maior alinhamento entre o setor privado e as metas globais. Ele citou o exemplo do combustível sustentável de aviação como uma das frentes que devem ganhar escala mais rapidamente com o apoio da Agenda de Ação.
Instituído na COP21, o cargo de Campeão de Alto Nível busca engajar atores que não participam das negociações formais, mas que são essenciais para transformar metas em ações concretas. Nesta COP, o Brasil aposta nesse formato para aproximar a diplomacia climática das soluções reais implementadas por empresas e governos locais.