Cuiabá lidera ranking de rendimento; interior revela disparidades
Mato Grosso se consolidou entre os estados com maior rendimento do país, mas os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, revelam um retrato desigual dentro do próprio território.
O estado ocupa a quarta posição nacional em rendimento médio mensal do trabalho, com R$ 3.261,94, atrás apenas do Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina.
No ranking municipal, Cuiabá aparece como a cidade que paga os maiores salários do estado, com rendimento médio de R$ 4.182,23. Logo atrás vêm Sorriso (R$ 3.792,18) e Canarana (R$ 3.729,25), dois polos econômicos impulsionados pelo agronegócio e pela industrialização.
Ranking: os 10 municípios com maior rendimento médio mensal em Mato Grosso
Posição | Município | Rendimento médio (R$) |
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1º | Cuiabá | 4.182,23 |
2º | Sorriso | 3.792,18 |
3º | Canarana | 3.729,25 |
4º | Primavera do Leste | 3.621,00* (estim.) |
5º | Campo Novo do Parecis | 3.510,00* |
6º | Rondonópolis | 3.421,00* |
7º | Lucas do Rio Verde | 3.397,00* |
8º | Tangará da Serra | 3.225,00* |
9º | Sinop | 3.184,00* |
10º | Querência | 3.102,00* |
*Valores aproximados com base nas médias regionais do Censo 2022.
Onde a renda é menor
Na outra ponta do ranking, os municípios de Jangada (R$ 1.871,48), Poconé (R$ 1.901,77) e Barão de Melgaço (R$ 1.902,16) registraram os menores rendimentos médios do estado.
Essas cidades têm economias mais dependentes do setor público e da informalidade, com baixa diversificação produtiva e alta participação de empregos de baixa remuneração.
A diferença entre a capital e os municípios de menor rendimento ultrapassa 120%, o que reflete a forte desigualdade de renda e concentração de oportunidades em polos urbanos e regiões de agronegócio consolidado.
Disparidades de gênero e raça
O levantamento do IBGE também mostra que, embora Mato Grosso apresente rendimento acima da média nacional (R$ 2.850,64), a desigualdade de gênero e raça continua marcante.
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O rendimento médio dos homens (R$ 3.611,61) é 31,4% superior ao das mulheres (R$ 2.748,02);
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Pessoas de cor amarela (R$ 5.970,61) e branca (R$ 4.291,27) têm os maiores rendimentos;
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As populações parda (R$ 2.769,63), preta (R$ 2.674,64) e indígena (R$ 1.942,54) apresentam valores bem abaixo da média estadual.
Essas diferenças refletem tanto a estrutura setorial da economia mato-grossense — baseada fortemente no agronegócio — quanto as barreiras históricas de acesso à educação e ao mercado formal.
Trabalho é principal fonte de renda do estado
Em 2022, 84,5% da renda domiciliar dos mato-grossenses veio do trabalho, a maior proporção entre todas as Unidades da Federação. Isso indica alta dependência do emprego e da atividade econômica como motores da renda familiar.
Entre os municípios com maior participação do rendimento do trabalho na renda total estão Querência (93,7%), Sapezal (93,5%), Primavera do Leste (92,9%), Campo Novo do Parecis (92,8%), e Sorriso (92,6%) — todos com forte presença do agronegócio e elevado dinamismo produtivo.
Desigualdade territorial desafia políticas públicas
Embora o estado apresente bons indicadores, especialistas alertam que as desigualdades regionais ainda são um desafio.
Municípios pequenos e com baixa diversificação econômica concentram empregos informais e rendas baixas, enquanto polos agrícolas e industriais concentram os ganhos e investimentos.
“O mapa da renda de Mato Grosso mostra um estado com enorme potencial, mas também com bolsões de vulnerabilidade. É essencial fortalecer a qualificação profissional e o empreendedorismo local para reduzir essas distâncias”, destaca o economista.
Fontes: IBGE – Censo Demográfico 2022.
Edição: Redação CenárioMT Econômico