Fome é irmã da guerra e ameaça a democracia, afirma Lula em discurso na FAO

Durante o Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, o presidente Lula destacou a fome como reflexo das desigualdades globais e defendeu o multilateralismo como caminho para superá-la.

Fonte: CenárioMT

Fome é irmã da guerra e ameaça a democracia, afirma Lula em discurso na FAO
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em discurso na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “a fome é irmã da guerra e inimiga da democracia”. Segundo ele, os conflitos armados e as barreiras comerciais impostas por países ricos aprofundam a crise alimentar mundial.

Lula destacou que as guerras não apenas causam sofrimento humano, mas também desorganizam cadeias de produção e distribuição de alimentos. Para o presidente, as políticas protecionistas de nações desenvolvidas comprometem a segurança alimentar nos países em desenvolvimento.

[Continua depois da Publicidade]

Ao citar a situação em Gaza e a paralisia da Organização Mundial do Comércio, Lula disse que a fome reflete o enfraquecimento das instituições multilaterais e das regras internacionais. Ele reforçou que o acesso à alimentação continua sendo um instrumento de poder e que a desigualdade entre ricos e pobres permanece como uma das principais causas do problema.

O presidente destacou que o planeta produz comida suficiente para alimentar uma vez e meia a população mundial, mas ainda há 673 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Ele comemorou o fato de que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome, conforme relatório recente da FAO.

[Continua depois da Publicidade]

De acordo com Lula, 2024 marcou o menor índice de domicílios em insegurança alimentar grave da história do país, além da menor proporção de lares com crianças de até cinco anos nessa condição desde 2004. “Estamos interrompendo o ciclo de exclusão”, afirmou.

Para o presidente, um país soberano é aquele capaz de alimentar seu povo. Ele reforçou que a fome é incompatível com a democracia e o pleno exercício da cidadania.

Multilateralismo

Lula também ressaltou o papel do multilateralismo na luta contra a fome e lembrou os 80 anos da FAO, destacando a importância da entidade e de seu trabalho conjunto com o Programa Mundial de Alimentos e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura. “O mundo seria um lugar pior sem o multilateralismo”, afirmou.

O presidente recordou que participou, há dez anos, das comemorações dos 70 anos da FAO, quando o clima era de otimismo com a adoção da Agenda 2030. No entanto, observou que, atualmente, os desafios aumentaram e o espírito de cooperação internacional enfraqueceu. “Os obstáculos são maiores, mas não há alternativa senão persistir. Enquanto houver fome, a FAO continuará indispensável”, concluiu.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.