O programa Caminhos da Reportagem, exibido pela TV Brasil nesta segunda-feira (13), às 23h, apresenta o episódio “Expedição Ituxi: a Amazônia que Sobrevive”. A produção acompanha o trabalho das comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Ituxi, no coração da floresta amazônica, onde o extrativismo sustentável se tornou um modelo de uso equilibrado dos recursos naturais.
Criada em 2008 pelo governo federal, a reserva abrange 7,7 mil quilômetros quadrados — área seis vezes maior que o município do Rio de Janeiro — e nasceu da demanda de populações tradicionais que buscavam formas de viver da floresta sem degradá-la.
Segundo Vanderleide Souza, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a criação da reserva foi uma resposta à ameaça de grilagem de terras. “A Reserva Ituxi estava sendo atacada pelo Sul, e com isso estávamos perdendo nossa terra”, explicou.
Na área, são autorizadas atividades como pesca, coleta de frutos e sementes e corte controlado de árvores, sempre de acordo com o plano de manejo da unidade. “Garimpo e criação de gado não são permitidos, assim como o desmatamento de grandes áreas”, reforça Samuel Nienow, também do ICMBio.
A principal fonte de renda local é a coleta de castanha, tradição que se mantém há gerações. “Estou acostumado a colher castanha há quase 40 anos. Isso faz parte da nossa história”, conta o castanheiro Manoel Freitas.
Além do extrativismo de castanhas, há também a extração controlada de madeira, que depende de licenciamento ambiental. “Após a derrubada de uma árvore, é preciso esperar dez anos antes de retornar àquela área, respeitando o ciclo natural da floresta”, explica Marcus Biazatti, do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
A Resex Ituxi integra um mosaico de áreas protegidas que inclui terras indígenas, um parque nacional e uma floresta nacional. Localizada no chamado Arco do Desmatamento — região de 500 mil quilômetros quadrados pressionada pelo avanço da fronteira agrícola —, a reserva enfrenta desafios externos. “Nosso maior problema não vem dos extrativistas, mas de quem chega de fora para desmatar o entorno da reserva”, alerta Nienow.