Mesmo com a redução nas estatísticas, o afogamento segue entre as principais causas de mortes acidentais em Mato Grosso. Dados do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT) indicam uma queda de 16,4% nos registros entre janeiro e agosto deste ano — foram 71 ocorrências contra 85 no mesmo período de 2024. Apesar do avanço, os especialistas reforçam que a prevenção ainda é a melhor estratégia para evitar tragédias.
Segundo levantamento da corporação, cidades que tradicionalmente lideram o número de casos também apresentaram recuo. Cuiabá passou de 22 para oito registros, Sinop caiu de oito para três e Barra do Garças teve pequena redução, de 11 para 10 atendimentos. Já Novo Xavantina e Tangará da Serra mantiveram quatro casos cada, após sete no ano anterior. O CBMMT ressalta que o comportamento dos banhistas ainda preocupa, especialmente em períodos de altas temperaturas e feriados prolongados.
O diretor operacional adjunto da corporação, major Felipe Mançano Saboia, afirma que, embora os números indiquem progresso, o desafio é manter a consciência da população. “A supervisão de crianças, o uso de coletes salva-vidas e o respeito às sinalizações são medidas simples que salvam vidas. Mesmo com a queda, não podemos relaxar. Cada número representa uma família afetada”, pontuou o oficial.
Rios e represas concentram maior risco
De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), 76% dos afogamentos no país ocorrem em rios, lagos e represas — locais que representam, em geral, o maior perigo por conta de correntezas e bancos de areia ocultos. Em Mato Grosso, a realidade é semelhante: levantamento interno do CBMMT aponta que, em 2024, cerca de 68% das vítimas se afogaram em águas naturais, fora de áreas monitoradas.
Além da falta de vigilância, o consumo de bebidas alcoólicas aparece como um dos principais agravantes. A SOBRASA estima que mais de 20% dos incidentes tenham relação direta com a embriaguez. “O álcool reduz a percepção de risco e faz a pessoa superestimar suas habilidades na água”, observa Saboia. O alerta é reforçado por estatísticas nacionais: apenas em 2023, o consumo de álcool esteve presente em um terço dos casos fatais registrados em todo o país.
Cuidado redobrado com crianças e mudanças climáticas
Entre crianças de 1 a 4 anos, o afogamento é a segunda causa de morte acidental no Brasil. Por isso, a vigilância constante é considerada fundamental. O CBMMT orienta que os pequenos devem permanecer sempre ao alcance dos responsáveis — o que garante reação imediata em caso de emergência. Piscinas domésticas devem ter cercas de proteção e ralos antiaprisionamento para evitar acidentes.
Outro ponto de atenção são as alterações climáticas repentinas. Chuvas intensas podem provocar o fenômeno conhecido como “cabeça d’água”, aumento súbito do volume em rios e cachoeiras que frequentemente resulta em afogamentos. O Corpo de Bombeiros reforça: ao menor sinal de chuva, evite entrar na água.
Uma análise da Secretaria de Segurança Pública mostra que o número de mortes por afogamento em feriados prolongados cresceu 23% em 2023, período em que o consumo de álcool e o movimento em rios e balneários aumentam significativamente. O dado reforça a importância de campanhas educativas contínuas e do reforço das equipes de resgate em áreas turísticas.
Em caso de emergência, o CBMMT orienta manter a calma, flutuar e acenar por socorro. Nunca tente nadar contra a correnteza. Para prestar ajuda, a recomendação é acionar o 193 e lançar objetos flutuantes, aguardando o resgate profissional. As informações foram confirmadas pela assessoria do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso.