Autoridades do judiciário e da segurança pública foram surpreendidas na noite de sexta-feira (10) em Nova Canaã do Norte, quando o fazendeiro Adilson Pereira da Silva, de 56 anos, sofreu um mal súbito e morreu durante uma audiência de custódia. O caso, que ocorreu dentro do Fórum da cidade, levantou questionamentos sobre os protocolos de acompanhamento médico em detenções recentes no interior de Mato Grosso.
Segundo informações confirmadas pela Polícia Civil, Adilson havia sido preso horas antes, pela manhã, em uma propriedade rural na comunidade de Tapaiuna. Ele era investigado por posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte de armamento com numeração suprimida. A detenção foi resultado de uma ação de rotina voltada ao combate ao comércio ilegal de armas na região.
Após a prisão, o produtor rural passou por exame de corpo de delito no início da tarde, sem apresentar sinais aparentes de mal-estar, conforme consta no boletim de ocorrência. Ele permaneceu sob custódia na delegacia até o momento da audiência, conduzida no mesmo dia, quando passou mal minutos antes do encerramento da sessão. Testemunhas relataram que o episódio causou pânico entre os presentes, incluindo servidores e representantes do Ministério Público.
Equipes do Fórum tentaram reanimá-lo imediatamente, com apoio de policiais militares. Em seguida, o fazendeiro foi levado às pressas para o hospital municipal, onde teve o óbito confirmado. A morte repentina levou o Judiciário a suspender temporariamente as atividades na unidade durante o restante da noite.
Investigação e protocolos sob análise
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte e avaliar se houve falha ou omissão no atendimento ao preso. Exames periciais devem apontar a causa exata do falecimento nos próximos dias. Segundo fontes ligadas ao caso, o delegado responsável também solicitou informações sobre o tempo entre a prisão e a apresentação do detido à audiência, etapa em que o investigado já deve estar em condições de saúde estáveis, conforme determina o artigo 306 do Código de Processo Penal.
Em 2024, o Estado registrou aumento de 18% nos casos de morte súbita sob custódia policial, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública. Especialistas afirmam que a falta de acompanhamento médico contínuo é um dos fatores que mais agravam o risco em audiências rápidas realizadas após prisões em flagrante.
Repercussão e próximos passos
O caso provocou comoção entre moradores e autoridades locais, especialmente por envolver um produtor conhecido na região. Fontes do Fórum informaram que será feita uma revisão nos protocolos de atendimento emergencial para detentos em audiências, incluindo a presença de equipe médica de prontidão. O corpo de Adilson foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Colíder.
As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil, que reforçou que a investigação seguirá para determinar se houve negligência ou causas naturais. A instituição também destacou que o resultado dos laudos deverá orientar possíveis medidas administrativas e judiciais.
Em caso de irregularidades em procedimentos de custódia, denúncias podem ser encaminhadas de forma anônima ao Disque 197 ou ao canal da Ouvidoria da Segurança Pública.
